Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Paixão por Lisboa

Espaço dedicado a memórias desta cidade

Paixão por Lisboa

Espaço dedicado a memórias desta cidade

Igreja de Santo Antão

"A EGREJA DE SANTO ANTÃO. - Nos fins do reinado de D. Sebastião intentaram os jesuítas edificar nas visinhanças do Campo de Sant'Anna um grande collegio para cabeça de sua ordem. Porém, apesar da boa vontade e auxilio do soberano e da decidida protecção do Cardeal infante D. Henrique, encontraram taes opposições, que se viram obrigados a adiar o começo da obra, até que elevado ao throno este ultimo principe pela catastrophe de Arcacerquivir, trataram os padres de dar principio á fundação, julgando-se fortes com o favor do rei. Lançou-se a primeira pedra do novo collegio sem apparato, quasi ás escondidas para evitar contrariedades, no dia 11 de maio de 1579, porém assim que isto constou, acidiu ao sitio muita gente do bairro, e ás pedradas obrigou os operarios a fugirem da obra. Desde então travou-se uma lucta porfiosa e tenaz, que, aggravando-se cada vez mais, fez por muitas vezes do local das obras um campo de batalha. Por fim já não era só uma querella de visinhos, era uma questão em que se empenhava toda a cidade, que não podia ver traçado um edificio tão vasto, em que se iam consumir improductivamente immensos capitaes, estando o paiz n'uma situação a todos os respeitos tão precaria e afflictiva. A insistencia dos padres e a oposição do povo chegou a ponto de ir o senado de Lisboa em corporação a el-rei pedir, que mandasse parar com as obras, exponde-lhe as justas queixas dos habitantes. Os trabalhos pararam com effeito, porém pouco depois falleceu o cardeal rei, os exercitos de Castella invadiram o paiz, Portugal curvou-se ao jugo de Filippe II, e os portuguezes com a perda da independencia cairam em completo desalento. E assim tiveram os jesuitas occasião favoravel para recomeçarem a obra com ardor. Entretanto, posto que lhes não faltou diligencia nem dinheiro, a grandeza do edificio era tal, que só se concluiu em 1652, dizendo-se a primeira missa na sua egreja, que foi dedicada a Santo Ignacio, em 31 de julho d'esse anno. Porém como os padres que foram occupar este collegio viviam no de Santo Antão, proximo da Mouraria, que depois venderam aos frades da Graça, sempre o povo ficou chamando áquelle Santo Antão o Novo. N'elle se hospedou Cosme III, grã-duque de Toscana por occasião da sua visita a Lisboa em 1670. O terremoto de 1755 derrubando a cúpula do templo, abateu-lhe a aboboda do cruzeiro e da capella-môr, e uma das torres da frontaria. O edificio do collegio ficou bastante arruinado, mas reconstruiu-se, e logo depois da expulsão dos jesuitas em 1759 foi destinado para receber os enfermos do hospital de Todos os Santos, destruido por aquelle cataclismo, recebendo então o nome de hospital de S. José.
A egreja conservou-se em ruinas; mas tendo-lhe poupado o terremoto as paredes e capellas, ainda ha poucos annos era um dos mais bellos monumentos que esta capital tinha para offerecer á attenção dos estrangeiros, pela variedade e riqueza dos marmores que o vestiam de alto a baixo, pelo primor das esculpturas e mosaicos, pella inteligente distribuição dos ornatos, e finalmente pelas boas proporções de todas as suas partes. Por taes razões muitos architectos nacionaes e estrangeiros, e distinctos viajantes, que visitaram esta capital no primeiro quartel d'este seculo, são uniformes em dizerem que a egreja de Santo Antão era, d'entre os mais vastos e sumptuosos templos de Lisboa, a que tinha a primazia de mais rica e mais bella aos olhos da arte.
Infelizmente tem pesado sobre este monumento, de ha vinte e tantos annos para cá, o furor vandalico da destruição. Derrubaram-lhe a formosissima torre, que lhe restava das duas que outr'ora adornavam a frontaria, e arriaram-lhe também toda a parte superior da fachada. Despojaram-no interiormente de magnificas columnas, e de primorosos mosaicos e esculpturas, sobre tudo na capella-môr. Todavia, apesar de tantas injurias e devastações, ainda se vêem a vastidão do templo e alguns restos de suas galas, que deixam julgar da sua antiga riqueza."
in Archivo pittoresco : semanario illustrado, 5.º Ano, n.º 47, 1862

 

Hospital de São José.jpg

Hospital de São José, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

purl 12542.jpg

Hospital Real de S. José, http://purl.pt/12542

Hospital de São José 1.jpg

 Hospital de São José, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

Hospital de São José, porta com colunas e brasã

Hospital de São José, porta com colunas e brasão, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

Hospital de São José, antigo colégio de Santo A

Hospital de São José, antigo colégio de Santo Antão o Novo, pormenor do pavimento, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

Sacristia do antigo colégio de Santo Antão o Nov

Sacristia do antigo colégio de Santo Antão o Novo, actual capela do hospital de São José, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

Sacristia do antigo colégio de Santo Antão o Nov

Sacristia do antigo colégio de Santo Antão o Novo, actual capela do hospital de São José, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

Sacristia do antigo colégio de Santo Antão o Nov

Sacristia do antigo colégio de Santo Antão o Novo, actual capela do hospital de São José, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L. 

Mais sobre mim

foto do autor

Calendário

Maio 2016

D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2020
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2019
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2018
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2017
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2016
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D