Palácio dos Condes de São Miguel
"O palácio que foi primitivamente dos Condes de São Miguel e, mais tarde, dos Condes dos Arcos.
O palácio ocupava parte do terreno das actuais ruas dos Anjos e António Pedro, e serviu, mais tarde, de colégio de rapazes, do qual era director, José Pedro Rosado, tendo uma frequência de cinquenta alunos.
Em 1845, o palácio era novamente residência particular. Nele morava então, com sua família, o Conde-Barão de Alvito (António Luís de Sousa Coutinho). Mais tarde, em 1854, esteve ali instalada a fábrica de lanifícios, fundada por José António Teixeira; depois, em 1873, o edifício serviu de estação do caminho de ferro «Larmanjat». Em seguida veio a Fábrica de Cerveja Leão, que permaneceu naquele lugar até 1915.
Nos terrenos pertencentes ao palácio, existiam, nos fins do século XVI, a quinta e casas de Diogo Botelho, amigo e partidário de D. António Prior do Crato. O 1.º Conde de São Miguel foi 3.º neto de Diogo Botelho e herdou os terrenos e grangeios que pertenceram, depois à casa dos Condes dos Arcos.
No palácio hospedou-se D. António, em 1580, pouco antes da derrota que sofreu na Ponte de Alcântara, em combate contra o Duque de Alba.
Já muito arruinado, e dada a sua situação quase arrabaldina, serviu em 11 de Outubro de 1875 para, em parte dele ou dos terrenos que o circundavam e lhe pertenciam, se efectuar um comício republicano, em propaganda da candidatura de José Elias Garcia para deputado."
Este artigo publicado na "Revista Municipal", n.º 85, de 1960, deixa-me dúvidas quanto à sua exactidão; tanto Norberto de Araújo, como Luís Pastor de Macedo, dois ilustres Olisipógrafos, colocam a "Fábrica de Lanifícios de Arroios", noutro Palácio, o dos Condes de Mesquitela, que se encontrava precisamente do outro lado da Rua dos Anjos.
Outra dúvida prende-se com a data da Fábrica de Cerveja Leão no local - 1915. A imagem que acompanha este texto, referente à Fábrica de Cervejas Peninsular, foi tirada durante a actividade da dupla Machado & Souza, actividade essa que ocorreu entre 1898/1908. Na melhor das hipóteses em 1908, já seria Fábrica de Cervejas Peninsular.
Palácio dos Condes de São Miguel, 1898 1908, foto de Machado & Souza, in a.f. C.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa, n.º 13, 1858, de Filipe Folque, in A.M.L.
Palácio dos Condes de São Miguel, 1898 1908, foto de Machado & Souza, in a.f. C.M.L.
Planta Topográfica de Lisboa, 11 J, 1910, de Alberto de Sá Correia, in A.M.L.
Rua de Arroios, Fábrica de Cerveja Peninsular, sucessora da Fábrica de Cerveja Leão, 1898 1908, foto de Machado & Souza, in a.f. C.M.L.