"Chalet" das Canas
"O <<Chalet das Canas>>, que foi demolido há anos, estava situado no fim do lado oriental do Campo Grande, perto dos terrenos onde se efectuava a tradicional feira; era uma originalíssima e artística construção, que, todos os lisboetas de então conheceram e admiraram.Este <<chalet>> veio substituir, um casebre, que servia de residência ao administrador do Campo Grande.
Foi em 1888 que Cordeiro Feio deu início à substituição do casebre pelo palacete de cinco a seis compartimentos, ao assumir o cargo de administrador deste formoso parque citadino. E com que materiais? Com canas, cortiça virgem e madeira! Tudo era feito com canas encanastradas: o tecto, as paredes e o chão.
A mobília, que era aparatosa, constava de troncos de árvores cortados graciosamente e guarnecidos de canas.
À entrada, do lado esquerdo, havia uma surpresa muito original destinada aos visitantes curiosos. Uma porta que instintivamente toda a gente abria movida por esta curiosidade que existe em todos nós. Ao abrir-se a porta, que não dava passagem para nenhuma sala, via-se aparecer subitamente um macaco, que apesar de embalsamado, assustava o mais destemido.
Numa outra sala havia um bonito aquário contendo peixes raros e finíssimos.
O <<Chalet das Canas>> não era despido de decorações. Todas as salas se encontravam ornamentadas com plantas escolhidas e para que ali não faltasse a representação das belas artes, lá se encontravam algumas pinturas a óleo em toros de madeira, entre os quais se destacava um retrato da rainha D. Amélia em bicicleta, pintado por seu marido, El-rei, D. Carlos."
Texto adaptado, de um artigo da Revista Olisipo, nº96, de Outubro de 1961
.Foto de Garcia Nunes, do início do séc. XX, in a.f. C.M.L.