"Joaquim Pedro Quintella do Farrobo, 1º conde de Farrobo por decreto da regencia do Duque de Bragança, em 1833, 2º Barão de Quintella, par do reino, 2º senhor da villa do Prestimo, 2º alcaide-môr da villa da Sortelha, grã-cruz da ordem da Conceição e commendador da de Christo, Inspector geral dos theatros e espctaculos publicos, coronel de cavallaria nacional de Lisboa, abastado proprietario e capitalista, nasceu em Lisboa a 11 de Dezembro de 1801...O palacio da rua do Alecrim foi mandado edificar por Joaquim Pedro Quintella. Algumas parcellas de terreno n'aquella rua foram arrematadas pelo Desembargador Luiz Rebello Quintella (tio d'aquelle) em 2 de Junho de 1777, e o palacio do Marquez de Valença, com um terreno ao fundo, por Joaquim Pedro Quintella em 24 de novembro de 1788.Na escriptura d'instituição do vinculo, lavrada em 23 de Junhode 1801, apparece a casa nobre (em que morava o instituidor) com jardim, pateo e mais pertenças, na rua do Alecrim ou Duas Egrejas, da parte Nascente, avaliada em 24 contos de réis, e, além d'outras, a casa da mesma rua, da parte do Poente, e que chega até á rua das Flores, avaliada em 6:700.000 réis. a quinta das Laranjeiras figura com o valor de 24 contos de réis."
in "Lisboa d'outros tempos" de Pinto de Carvalho
Palácio do Barão de Quintela e Conde de Farrobo, início séc. XX, foto Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa n 42, in A.M.L.
Palácio do Barão de Quintela e Conde de Farrobo, início séc. XX, foto Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
"O nome de Farrobo é inseparavel do das Laranjeiras. As festas ahi realizadas eram o clou da elegancia d'aquelles tempos. Reis e principes assistiram a mais do que uma d'essas festas magnificas, que a opulencia e o bom gosto do conde de Farrobo tornaram afamadas entre as mais gandiosas da Europa."
in "Lisboa d'outros tempos" de Pinto de Carvalho
Planta Topográfica de Lisboa 8M, in A.M.L.
Palácio dos Condes de Farrobo, ant. 1945, foto de J. C. Alvarez, in a.f.C.M.L.
Palácio dos Condes de Farrobo, fachada sobre o jardim de buxo, s/d, foto de Alexandre Cunha, in a.f. C.M.L.
Teatro das Laranjeiras, s/d, foto José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
"Foi no theatro das Laranjeiras que fizeram eclosão muitas vocações artisticas, ao deante consagradas pelo criticismo de nervo e polpa. Ahi se representou em portuguez, francez, italiano e inglez. Ahi se cantaram operas." in "Lisboa d'outros tempos" de Pinto de Carvalho
Palácio dos Condes de Farrobo, anos 40 do séc. XX, foto Eduardo Portugal in a.f. C.M.L.
"É ainda hoje um dos melhoramentos devidos ao grande marquez de Pombal. Havendo ardido o Hospital de Todos os Santos e tendo-se resolvido a sua mudança para o local que hoje occupa, com o nome de Hospital de S. José, foi o local, onde até ahi existira, cedido por uma doação regia á camara municipal de Lisboa. O alvará d'esta doação é de 2 de novembro de 1775, e a area doada compõe-se de quatro frentes, tendo por extensão, de norte a sul, trezentos e oitenta palmos, e de nascente a poente quatrocentos e quarenta. <<A edificação d'este mercado diz o sr. Freire d'Oliveira nos Elementos para a historia do municipio de Lisoa, custou á cidade dez contos duzentos cincoenta e um mil trezentos e quarenta e dois réis>>, isto é, a decima parte do custo do mercado 24 de Julho, concluido em 1881...Este mercado conservou o risco primitivo até 1834, tendo soffrido depois alterações, sendo as mais notaveis as de 1849, porque então foi fechado com portas e grades de ferro nas suas oito entradas."
Mercado da Praça da Figueira, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Nasceu em 1755, no terreno das ruínas do Hospital de Todos os Santos, pondo-se como mercado central e destinado à venda de frutas e legumes. Passou entretanto por vários nomes: Horta do Hospital, Praça das Ervas, Praça Nova e Praça da Figueira. De um local de bancadas diárias passou a praça fixa, com barracas arrumadas e um poço próprio.Ao longo dos tempos, foi sofrendo algumas alterações consoante as necessidades da população. Assim, em 1835, é arborizada e iluminada, em 1849 foi-lhe colocada uma cerca gradeada, coberta e com 8 portas e em 1882 foi aprovado o projecto da nova praça, que consistia num edifício rectangular, com estrutura metálica e ocupando uma área de quase 8 mil metros quadrados.Da venda de fruta e legumes, passou-se à transacção de outros produtos alimentícios necessários à população, fazendo da baixa lisboeta um local com um constante fervilhar de vida.Desde logo, a praça tornou-se um dos emblemas de Lisboa, quer pela sua construção, quer pela sua localização no centro da cidade, quer ainda pela realização de verdadeiros arraiais por altura dos santos populares, transformando-a num verdadeiro teatro.Em 1947, a vereação da altura decidiu o fim da praça, prevendo o alargamento da rede viária de Lisboa, que incluía a demolição do Socorro e zona baixa da Mouraria como forma de escoamento de trânsito, aproximando a cidade de Lisboa aos padrões europeus. Em 1949 festeja-se o último Stº António, procedendo-se de seguida - a 30 de Junho - à demolição do edifício. 1968 é o ano da assinatura do contrato para a construção da estátua equestre de D. João I.