"Esta ponte tem a infausta celebridade de dar o nome á batalha que junto d'ella pelejaram as tropas de D. António, prior do Crato, contra o exercito invasor de Filippe II de Castella, commandado pelo Duque de Alva...N'aquelle tempo a ponte de Alcantara estava solitaria, porque ficava n'um arrabalde despovoado pertencente á freguezia d'Ajuda. Foi-se elle successivamente cobrindo de habitações, hortas e residencias nobres, até que formou um bairro, e depois do terremoto uma parochia. Em 1743 alargou-se a ponte e lhe foi posta uma imagem de S. João Nepomuceno, de pedra, estatura colossal, obra do esculptor italiano João António de Pádua...A estatua de S. João Nepomuceno, que os moradores do bairro d'Alcantara lhe encommendaram para a ponte...tem no pedestal a seguinte inscripção:
S. JÓANNI NEPOMUCENO NOVO ORBIS THAUMATURGO TERRAE AQUI IGNIS AERIQUE IMPERANTI ATQUE CUM ALIAS TUM PRAESERTIUM IN ITINERE MARITIMO LUCULENTO SOSPITATORI SUO GRATI ANIMI ERGO HANC STATUAM POSUIT CLIENS DEUOTISS, AN: REPARAT: SALUT: M: DCC: XLIII.
JOÃO AN.TO D. PADOA A FES
A tradução á seguinte: A S. João Nepomuceno, novo taumaturgo do mundo, dominador de terra, do fogo, da água e do ar, e sobretudo aplacador dos mares, um seu devoto, reconhecido para com o seu protector, ergueu esta estátua no ano de 1743 depois de salvo."
in Olisipo : boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", A. V, n.º 18, Abril 1942
"...Êste rio (Alcântara), na parte extrema do seu percurso, é o último vestígio de um braço ou esteiro do Tejo, que em tempos pré-históricos aí devia ter existido, mas que, com o decorrer dos séculos, se foi assoriando e alteando, formando um vale com largura variável, que no sítio da Ponte Nova, a cêrca de 2150 metros da muralha do cais de Alcântara, atinge hoje a cota de 15 metros acima do nível médio das águas do Oceano...Convém desde já dizer onde ficava a ponte de Alcântara, desaparecida há cerca de 55 anos...O seu local era na junção das actuais ruas de Alcântara e do Prior do Crato, D. António, na direcção dos carris da viação eléctrica, e perpendicularmente à linha férrea que vai da estação de Alcantara-terra para a de Alcântara-Mar pelo leito da rua de João de Oliveira Miguens. As cancelas da passagem de nível do caminho de ferro marcam aproximadamente o vão do arco central da ponte, e a linha da frontaria do mercado de Alcântara e os topos fronteiros dos muros divisórios do terreno do leito da via férrea marcam a largura da ponte. A guarda norte da ponte, foi demolida por 1886 ou 1887, para a construção da estação de Alcântara da linha férrea de Lisboa a Sintra e Tôrres Vedras, e ramal da Merceâna. Por essa ocasião apeou-se a estátuade S. João Nepomuceno, que em 1889 foi mandada depositar pela Câmara Municipal no Museu Arqueológico do Carmo...A guarda sul, desapareceu em 1888, quando se cobriu o caneiro de Alcântara para assentamento da via férrea que ligava a linha de Alcântara-terra a Campollide com a de Alcântara-mar a Cascais. O arco maior da ponte, único que se conservava, corresponde ao eixo da via férrea, e as cancelas da passagem de nível definem aproximadamente o local dos encontros do arco que ali existe soterrado. Com os elementos de que dispomos, devemos presumir que a ponte era construida de cantaria, e teve de origem três vãos de arcos, sendo o central de volta inteira; que o oriental, por desnecessário, foi entaipado talvez no século XVIII; e que o oriental foi vedado nos meados do século XIX."
in Olisipo : boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", A. V, n.º 18, Abril 1942
Mercado de Alcântara, 1940, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"As cancelas da passagem de nível do caminho de ferro marcam aproximadamente o vão do arco central da ponte, e a linha da frontaria do mercado de Alcântara e os topos fronteiros dos muros divisórios do terreno do leito da via férrea marcam a largura da ponte."
Mercado de Alcântara, 1940, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"Saindo de Lisboa pelo lado occidental, isto é, pelas portas d'Alcantara, e tomando o caminho que segue para o Calvario, passando este, encontra-se a Junqueira. Nos arredores da capital não ha rua mais magestosa do que esta. Podem apresentar panoramas mais lindos, mais pittorescos, os arredores de Lisboa; não contestâmos os gostos; porém, mais esplendor e soberbia do que os que se ostentam na rua da Junqueira, ainda os não vimos. Tudo alli concorre para o embellezamento do sitio. De um lado a alameda que se estende pela margem do Tejo; do outro lado, magnificos palacios, excellentes quintas de recreio. Da direita, podêmos, ao cair de uma tarde de verão, reclinar-nos n'um kiosque, ou gozarmos da fresca sombra de alguma arvore frondosa; da esquerda, podêmos, na praia, admirar a grandeza e magestade do nosso tão poetico Tejo, e, em doce enlêvo, registrarmos os baixeis que se cruzam nas suas limpidas aguas...Uma das quintas mais bellas que alli ha, é a que pertence aos srs. viscondes da Junqueira, e a que chamam, naturalmente, das Aguias, por causa de duas enormes aves d'esta especie que rematam as columnas que fecham a entrada principal...A beleza jardinal é imponente; a construcção do palacio é peregrina..." in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ArquivoP/1858/TomoII/N21/N21_item1/P1.html
"Chama-nos agora a atenção aquele prédio ao fundo Nascente da Rua de Santa Justa onde foi a velha igreja de Santa Justa e Rufina. Na nave do templo, destruído pelo terremoto de 1755, inaugurou-se um Teatro. Chamou-se de <<D. Fernando>>, em homenagem ao Príncipe Consorte. O palco foi armado na capela-mor. Durou apenas dez anos, de 1849 a 1859, ano em que se demoliu. Nesse palco passaram figuras da cena portuguesa - Emília das Neves, Sargedas e outros artistas de nome; representaram-se comédias, dramas, e até zarzuelas por uma <<troupe>> espanhola, mas o <<D. Fernando>> nunca foi afortunado. Diziam os católicos que a razão dos desastres estava em ter-se utilizado uma igreja para tais fins." in Olisipo : boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", nº 58, Abril de 1952
Ilustração do Teatro D. Fernando, in "Revista Popular", nº 37, 1849, p. 721
Atlas da carta topográfica de Lisboa, n 43, Filipe Folque, in A.M.L.
Prospeto para o revestimento fingido que Francisco Roiz Batalha pretende mandar fazer na frente do sul do teatro de D. Fernando, in A.M.L.
Programa de espectáculos do Teatro D. Fernando, na Galeria Theatral: jornal critico-literario
"A famosa torre ou castello de S. Vicente de Belem assenta na margem do tejo, pouco a baixo de Lisboa. Foi projectada por D. João II, para cruzar fogos com a Torre Velha, construida no outro lado do rio por D. João I. Do nosso chronista Garcia de Resende foi o seu plano. Só D. Manuel pôde, entretanto, leval-o á execução, quando edificava o proximo convento dos Jeronimos, e no mesmo gosto d'elle. Por occasião da morte deste nonarcha já a torre ficava acabada, e, em 25 de setembro 1521, doada a sua capitania a Gaspar de Paiva. Construida originalmente no meio das ondas, com a accumulação de arêas, e tendencia que o rio tem a pesar sobre a margem sul, deixando a descoberto a do norte, a torre está hoje situada no pontal de uma lingueta. Neste bello modelo de architectura militar são dignos de ver-se os relevos e bestiães; nos angulos as guaritas com seus lavores; as ameias entre as guaritas...Uma das maiores curiosidades da torre é a sala regia, que tem uma varanda para o mar, rematada com as armas de Portugal, e divisas de D. Manuel." in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ArquivoP/1859/TomoII/N52/N52_item1/P1.html
Torre de Belém, foto de Ferreira da Cunha, in a.f. C.M.L.
"...Em Dezembro de 1849 deliberou a Camara proceder ao calçamento da praça logo que terminasse o do Rocio. Adoptara-se já, com toda a segurança, o systema das calçadas-mosaico, inventado pelo benemerito general Eusebio Candido Pinheiro Coelho Furtado, e ensaiado primeiro no Castello de S. Jorge. Trabalhavam n'essas obras os grilhetas, ou presidiarios...Começou a obra do empedramento da praça dos Remolares em Janeiro de 1850...Fez-se a obra <<com um desenho tão bello e elegante, diz o engenheiro Miguel Paes n'um curioso folhetim publicado no Diário de Noticias,- que se tornou notavel, a ponto de ser reproduzido em grande numero de livros e jornaes estrangeiros da especialidade.>>... in "A Ribeira de Lisboa" de Júlio Castilho, pág. 516
Meridiana dos remolares, foto in Centro Português de Fotografia (C.P.F.)
"...Em 1860 havia ao centro da praça uma escadaria circular de poucos degraus, e de 2 metros de diametro, tendo ao centro, sobre um pedestal, uma meridiana, ou relogio de sol. Essa meridiana (como tantas coisas inoffensivas e uteis!) tornou-se alvo dos epigrammas, mais ou menos agudos, do Lisboeta...A meridiana foi emfim substituida (e com vantagem) pelo monumento ao Duque da Terceira, cuja primeira pedra se assentou em 24 de Julho de 1875..."
Relógio de sol na Praça dos Remolares, fotógrafo n/i, ant. a 1875, in a.f. C.M.L.
Praça Duque da Terceira, prova em albumina, fotógrafo não identificado, ant 1875, in a.f. C.M.L.
"...A estátua, obra do nosso correcto escultor, e meu amigo, o snr. José Simões de Almeida Junior, ergueu-se em 4 de Julho, e foi inaugurada em 24 do mesmo mez, em 1877, 44º anniversario do desembarque do Duque em Lisboa com as tropas constitucionaes do seu comando."
in "A Ribeira de Lisboa" de Júlio Castilho, pág. 519
Estátua do Duque da Terceira, s/d, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"Esta praça dos Remolares, ou do caes do Sodré, hoje chamada do Duque da Terceira, tem na sua face oriental um dos primeiros hoteis de Lisboa: o Central. Ahi se hospedaram Reis, Principes, e celebridades de todo o genero. Seria muito curiosa a lista da romaria, e interessantissima para a Historia."
in "A Ribeira de Lisboa" de Júlio Castilho, pág. 520
Grande Hotel Central, s/d, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
"Erigido n'uma situação desaffrontada e verdadeiramente deleitosa, abraçando em todas as direcções um vasto e pittoresco horisonte, o Palácio da Ajuda tem...o Privilegio de attrahir a attenção do forasteiro instruido logo que pela primeira vez entra no nosso magnifico porto. Destruido por um incendio o velho e mesquinho paço que el-rei D. José I mandara construir á pressa por occasião do horrivel terremoto de 1755...concebendo se então o pensamento de levantar das ruinas do antigo paço um outro proprio da capital d'estes reinos. Foi D. João VI, sendo regente em nome de sua mãe, quem lançou a primeira pedra d'este edificio monumental." in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ArquivoP/1858/TomoI/N52/N52_item1/P1.html
Palácio Nacional da Ajuda, fachada, anterior a 1893, foto de Francisco Rocchini, in a.f. C.M.L.
Palácio da Ajuda,1867, prova em albumina de Rocchini, no álbum sobre Lisboa e Sintra, in Biblioteca Nacional de Portugal
"...Merece honrosa excepção o que mandou edificar a vereação municipal de 1846 no bairro de Belem, posto que os quatro golphinhos por onde corre a agua, sejam de esculptura antiga, suppondo alguns que pertenceram ao chafariz que n'outros tempos houve no Rocio. É ainda do nosso tempo o chafariz chamado da <<Bola>> por ser d'esta feição o globo de bronze que coroava a columna por onde subia a agua para as bicas. Este era o unico que havia no bairro de Belem. Consta por escripturas existentes no archivo da camara de Lisboa, que o senado comprára em 1611, por 150$000 rs., a Luiz Moreira e sua mulher Catharina Antunes, um charco que estes possuiam n'um serrado, sito em alcolena, e dàqui a encanára para Belem, permitindo o prior do convento dos Jeronymos, que o encanamento passasse pela sacristia, deixando alli uma porção de agua para o lavatorio...Como porém esta fonte não bastasse para o consumo dos moradores d'aquelle bairro, porque de verão chegava a seccar, a camara municipal de Lisboa resolveu mandar construir um chafariz novo e copioso, para o que comprou varias barracas que havia no chão salgado por 1:0004000 rs., as quaes demoliu para fazer praça ao novo chafariz. Começou-se a obra no principio de junho de 1846, e a 4 de abril de 1848 principiou a correr a agua..." in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ArquivoP/1860/TomoIII/N007/N007_item1/P8.html
Chafariz de Belém, foto de José Chaves Cruz, in a.f. C.M.L.
Este chafariz estava inicialmente situado em Belém no sítio do Chão Salgado, sendo retirado em 1940, por ocasião da Exposição do Mundo Português e colocado no Largo do Mastro.
Chafariz de Belém, 1940, foto de António Passaporte, in a.f. C.M.L.
O chafariz de Belém, situado no largo Frei Heitor Pinto - actual largo dos Jerónimos - foi transferido para o largo do Mastro em 1947.
Antigo largo do Chafariz ainda com o chafariz de Belém, 1939, in a.f. C.M.L.
Pedras pertencentes ao Chafariz de Belém, 1945, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Chafariz do largo do Mastro, antigo chafariz de Belém, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
in "Memoria sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos", pág. 18
in "Memoria sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos", pág. 115
in "Memoria sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos", pág. 116
in "Memoria sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos", pág. 117
"A celebração do terceiro centenario de Camões, ainda que não produzisse - pela impressão exterior das pompas com que se adorna, outro resultado senão concentrar a attenção do povo na sublime epopêa que resume a biblia das nossas glorias, ficaria em todo o caso assignalado como uma data memoravel e como um documento que ennobrece a geração que soube inspirar-se n'um alto sentimento de justiça para honrar o nome que symbolisa a idéa da nacionalidade com as suas tradições gloriosas e as suas aspirações futuras." in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente/1880/N59s/N59s_item1/P2.html
Comemoração do 3º centenário da morte do poeta Luís de Camões,1880, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Lançada por Teófilo Braga, a ideia de comemorar o 3º Centenário da morte de Camões concretizou-se com a inauguração do Bairro Camões e com o Cortejo Cívico.
Cerimónia da inauguração oficial do bairro de Camões no âmbito da comemoração do III centenário da morte de Camões,1880, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Contém uma planta com indicação das ruas construídas pela Companhia Bairro Camões que esta pretende entregar à Câmara, in A.M.L.
"A trasladação dos restos de Vasco da Gama e de Camões, pelo Tejo, no longo trajecto do outro lado do rio até Belem, foi um espectaculo épico. É ocioso descrevel-o por que todo o Portugal, segundo penso, assistiu a elle; e se não assistiu, é bom que o não adivinhe se quer, para não morrer de raiva, desesperado pela impossibilidade de tornar a gosar outro semelhante pois que a triste verdade é a seguinte: Os Vascos da Gama e os Camões não se improvisam com facilidade, e sepultados de uma vez definitivamente, é difficil achar um pretexto para os passeiar de novo em triumpho!" in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente/1880/N60/N60_item1/P2.html
"E o grande cortejo civico permanecerá por longos annos na memoria popular. viu-se pela primeira vez nos tempos modernos, entre nós uma grande procissão, d'um comprimento descomunal, sair do Terreiro do Paço á hora prefixa, caminhar por entre o respeito publico saudada por uma população inteira, offegante e commovida, e todavia essa procissão não levava as basilicas da Sé, não levava capellães cantores, não marchava entre alas de soldados: era uma procissão em que o idolo era o povo glorificado pelo proprio povo, recebendo pela vez primeira a sua apotheose, e adquirindo a noção pacifica, a que muitos chamam revolucionaria, de que elle é rei, e de que em vez de marchar com uma cana verde na mão pode, quando tenha a consciencia do seu direito e da sua força, marchar antes com um sceptro." in http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente/1880/N60/N60_item1/P2.html
Mosteiro dos Jerónimos, túmulo de Luís de Camões, foto de Octávio Bobone, in a.f. C.M.L.
"Arquitecto português, formado pela ESBAL em 1899. Esteve envolvido em projectos com alguns dos principais arquitectos da sua época, nomeadamente Ventura Terra, com quem trabalhou na Assembleia da República e Adães Bermudes no monumento ao Marquês de Pombal. De entre as suas obras destaca-se o projecto da casa Empis, hoje demolido, palácio num estilo eclético e revivalista de inspiração francesa na Avenida Duque de Loulé e que foi vencedor do Prémio Valmor de 1907. A partir de 1911 foi o responsável pelos trabalhos de restauro da Sé Catedral de Lisboa, sucedendo a Fuschini."
Propriedade de Ernesto Empis, e da autoria do arquitecto António Couto, o Palacete Empis, ficava situado na esquina da Avenida Duque de Loulé, nº 77, com a Rua Luciano Cordeiro. Recebeu o prémio Valmor, no ano de 1907, e foi um dos primeiros edifícios com essa distinção, a ser demolido, corria então o ano de 1954.
Palacete Empis, cerca de 1907, foto de José Arthur Leitão Bárcia in a.f. C.M.L.
Planta Topográfica de Lisboa 10 I, in A.M.L.
Palacete Empis, cerca de 1907, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Edifício construido em 1909, da autoria do arquitecto António do Couto Abreu. Propriedade de João António Henriques Serra, situado no nº21 da Rua Viriato esquina com a Rua Tomás Ribeiro, 4º Menção Honrosa do Prémio Valmor de 1909. Demolido em 1954, foto de Paulo Guedes, in a.f. C.M.L.
Egreja de S. Paulo "É indispensavel estudar agora esse templo, que, sem ser dos celebres da Capital, merece comtudo a nossa atenção n'esta variada peregrinação que emprehendemos. Antes do terremoto, segundo acabei de notar, a frontaria da egreja olhava ao Poente; e o terreno fronteiro, chamado <<o Adro>>, tinha 120 varas de comprido, de Nascente a Poente, e de largura, Norte a Sul, 38 varas, 1 palmo e 6/10. Inclusa n'esse terreiro erguia-se a egreja, com a sua frente de 20 varas, 2 palmos, e 5/10, e o seu fundo de 47 varas. Desde a cabeceira do templo até ás preimeiras casas, do lado do Nascente, iam 5 varas, 3 palmos, e 4/10, ficando o corpo do mesmo templo a igual distancia dos limites austral e bureal do seu adro. Uma das gravuras da collecção de vistas por Le Bas lá apresenta a egreja de S. Paulo n'um tal estado de destroço, que dificilmente póde o espirito restaural-o; assim como tambem é difficillimo, ou antes impossivel destrinçar a verdade quanto á era da fundação da parochia. Quando Christovam Rodrigues de Oliveira escrevia o seu Summario, em 1551, parece não existia, visto que elle, tão minucioso, a não menciona; mas a estampa de Braunio, que pouco mais moderna é (apenas uns vinte ou vinte cinco annos), lá nos mostra a egreja de S. Paulo, com o adro perfeitamente claro. Carvalho da Costa apenas diz que esta parochia se formou desannexando uma parte da dos Martyres, e outra da de Santos, mas não marca a data. Descreve a egreja chamando-lhe <<das mais majestosas que tem esta cidade>>...Da reconstrução posterior a 1755, a actual, não conheço o autor...Tem esta fachada tres altas janellas, das quaes é dominante a central, e, por baixo de cada uma, tres portas para o pequenino adro gradeado. A porta do meio é coroada de um medalhão em baixo relevo representando a conversão de S. Paulo; sobre a porta da esquerda do espectador está a estatua de S. Pedro executada por Antonio Machado, architecto e esculptor dos começos do reinado da senhora D. Maria I, como diz Cyrillo; sobre a da direitaa estatua de S. Paulo.
Os dois campanários erguem-se com certo desgarre, no estylo italianado que tanto ficou dominando entre nós, com os seus remates em tampa de saladeira, as suas ventanas bem proporcionadas, os seus cantos ornados de columnellos de ordem jónica; e por baixo de cada ventana um relogio."
in "A Ribeira de Lisboa" de Júlio Castilho, pág. 528
Igreja de São Paulo, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Levantamento topográfico de Francisco Goullard, n 312, 1883, in A.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa, n 50, 1856, in A.M.L.
Igreja de São Paulo, 1966, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Igreja de São Paulo, fachada principal, foto de paulo Guedes, in a.f. C.M.L.