Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Paixão por Lisboa

Espaço dedicado a memórias desta cidade

Paixão por Lisboa

Espaço dedicado a memórias desta cidade

Alfândega de Lisboa

"A 8 de Setembro, ficaram instalados, no Terreiro do Paço, no antigo Mercado Central de Produtos Agricolas e Bôlsa Agricola, os serviços da Alfândega de Lisboa.
O edifício, cuja construção vem de 1766, sofreu importantes modificações, para que Lisboa ficasse com uma Alfândega que estivesse de acôrdo com a importância do movimento do nosso primeiro pôrto.
O pavimento térreo do edifício, dividido por uma espécie de naves de arcos abatidos, foi aproveitado para a sala de despachantes, Museu Técnico, depósito de impressos, laboratório de ensaio do Ministério das Obras Públicas e para o destacamento marítimo da Guarda Fiscal...Na decoração e embelezamento das dependências da nova Alfândega, procurou-se aliar ao confôrto necessário à eficiência do trabalho dos empregados, um pouco de modernismo que acompanhe de perto o que no estrangeiro se tem feito nêste capitulo."
in Da Estremadura : boletim da Junta de Província da Estremadura, 1940

Edifício da Alfândega, fachada para a antiga rua

Edifício da Alfândega, fachada para a antiga rua João Evangelista (actual Av. Infante D. Henrique), ant 1932, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

Planta Topográfica de Lisboa 12 F.jpg

Planta Topográfica de Lisboa 12 F

Alfândega Velha, 1949, foto de Edu.jpg

Alfândega Velha, 1949, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

Mercado Central de Produtos Agrícolas, actual edi

  Mercado Central de Produtos Agrícolas, actual edifício da Alfândega, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.

As Modistas de Lisboa

"As modistas, as Cassandras da Moda, abundaram na Lisboa do século XIX...houve duas modistas que se celebrizaram na <<struggle-forlifice>> das elegâncias: Madame Duprat e Madame Burnay.
A Duprat (Maria Ana Duprat) casou com Sebastião Duprat, proprietário de um armazém de modas no 1º andar, tornejando do Rossio para a rua da Betesga. Mudou-se daqui para um 1º andar no largo do Pelourinho, ficando a comerciar sob o nome social de <<Martin Frères, Casa de Fazendas de França>>. Em 1831, a Duprat estava num 1º andar da rua da Prata e liquidou o armazém de modas em 1845, depois das suas confecções haverem ateado um vasto incêndio de admiração. Seu marido, Sebastião Duprat, manufacturava as toilettes da Princesa D. Carlota Joaquina, que após a saída da côrte para o Brasil, se vestiu do atelier de Madame Joséphine, estabelecida na rua Ouvidor...O prédio da Rua do Alecrim, moderno, próximo ao Arco Pequeno, em que Madame Burnay (Maria Ana Burnay) instalou a sua usina dos adornos feminis, pertencia aos herdeiros de Francisco Mendes Dias, o Manteigueiro, um dispéptico intelectual, ávaro como um proconsul. A exemplar modista inaugurou a sua indústria, no momento histórico em que os pulmões de Portugal se dilatavam, ao receber-se a notícia da queda de Napoleão e do regresso das nossas tropas...Madame Burnay passou a intitular-se <<Modista de Sua Majestade Fidelíssima>> em 1835. Depois da implantação do constitucionalismo, foi ela a primeira que confeccionou vestuário para D. Maria II, fornecendo-lhe desde o chapéu ornado de marabús trementes até ao chale cândido como o peplo das Panatheneias. Não se limitando a vender às damas os vestidos variegados, os chapéus de cartão Bristol, os barretes à Grey, as grinaldas de flôres de penas, os espartilhos à dos métalliques, os regalos de chinchilla, as ligas de molas e as calcinhas de cassa, também lhes vendia as luvas de anta, as aves do Paríso, os saquinhos de ferro de Berlim, os perfumes de Dulac, os potes de cerôtos de Chardin, os óculos de duas vistas, as caixas de música e os pianos Érard."
in Lisboa de Outrora, vol. II, de João Pinto de Carvalho (TINOP)

Modelo de factura duma modista em 1826.jpg

Modelo de factura duma modista em 1826, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.

Palácio de Alcântara

"Palacio de Alcantara. - Saindo as portas de Alcantara, a caminho de Belem, encontra-se logo á direita um edificio de tão modesta apparencia, que um estrangeiro que por ahi passe, não presume estar vendo um palacio, e menos ainda uma antiga habitação real.
Este edificio, pois, decorado com tão pomposo titulo, não se recommenda por elegancia, nem por grandeza, nem por especie alguma de ornato architectonico, nem finalmente por a mais ligeira feição que caracterise a epocha da sua fundação. Dá-lhe, porém, direito a ser mencionado n'este roteiro, o interesse historico de um acontecimento que n'elle se passou, o qual foi o preludio de mui importantes successos da história de Portugal.
O palacio de Alcantara, modernamente chamado do Calvario, por estar situado em frente do convento e largo do mesmo nome, era outr'ora propriedade particular. Posto que nos escasseiem as noticias ácerca d'esse primeiro periodo da sua história, cremos com algum fundamento que veio para a coroa por sequestro no governo intruso dos Filippes de Castella...Foi na terminação d'esta regencia (rainha D. Luiza de Gusmão, viuva del rei D. João IV, na menoridade de seu filho D. Affonso VI), que o palacio de Alcantara adquiriu celebridade.
É geralmente sabido, que D. Affonso VI tirou violentamente as redeas do governo das mãos de sua mãe; mas o que nem todos sabem é que aquelle soberano tinha completado a sua maioridade, e que a regente, por conselho de ministros, e mais ainda por sugestão dos jesuítas, que temiam, não o moço rei, porém o conde de Castello-Melhor, seu valido, não só não estava resolvida a entregar o poder a D. Affonso VI, mas até meditava, e trabalhava com ella grande parte da corte, e todas as influencias jesuísticas, n'uma conspiração concertada para a deposição d'aquelle monarcha, sob pretexto de incapacidade para reinar,e para a exaltação ao throno de seu irmão, o infante D.Pedro.
Foi transformado este trama, nas vesperas do dia em que devia realisar-se, pelo Conde de Castello-Melhor, que persuadiu el-rei a apoderar-se repentinamente do governo do estado.
Combinado o plano contra-revolucionario por aquelle homem...saiu d. Affonso VI dos paços da Ribeira, onde residia coma familia real, no dia 21 de junho de 1662, e dirigiu-se para o palacio de Alcantara, sem que se percebesse o seu designio.
Apenas alli chegou, estando acompanhado do conde de Castello-Melhor, fez expedir cartas a toda a nobreza, tribunaes, prelados, etc., convocando-os alli para lhe assistirem no acto de tomar posse do governo do reino.
Não se realisou este acto no palacio de Alcantara, porque desconcertados os planos dos ministros da regente, por aquella imprevista e energica resolução d'el-rei, veio a rainha D. Luiza a um acordo, em virtudedo qual entregou os sêllos do estado a seu filho, D. Affonso VI, no dia 23 do mesmo mez, celebrando-se a ceremonia nos paços da Ribeira com a solemnidade usada em taes casos...No dia 2 de abril de 1668 celebrou-se na capella do palacio de Alcantara o consorcio do principe d.Pedro, então regente pela deposição de D.Affonso VI, seu irmão, com a rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboya, que tendo casado no anno antecedente com este desditoso monarcha, se achava então desprendida dos primeiros laços conjigaes por sentença dos tribunaes do reino, e por bulla pontificia.
O palacio de Alcantara foi a casa de campo predilecta de D. Pedro, em quanto regente e depois de rei. N'elle residiu por varias vezes, até que indo alli convalescer de grave doença, ahi falleceu em 9 de dezembro de 1706.
Coincidencia bem notavel! D Affonso VI entrou no poder por este palacio, no qual seu irmão D. Pedro, que lhe roubara a liberdade, apossando-se-lhe do throno e da esposa, veio por fim, já duas vezes viuvo, deixar o poder e a vida!
Em 1693 serviu por algum tempo de residencia á rainha de Inglaterra, viuva, D. Gatharina de Bragança.
O terremoto de 1755 arruinou muito este palacio. Depois foi reedificado, e mais tarde dado a Francisco José Dias, com o fim e condição expressa de estabelecer n'elle uma fabrica de chitas. Como não fosse cumprida esta clausula, voltou para a coroa aquella propriedade no anno de 1808.
Reinando a sra. D. Maria II, de saudosa memoria, fizeram-se n'este palacio consideraveis obras de reedificação e augmento, mas sem se attender a especie alguma de beleza de architectura. Desde então tem servido de aposento, por munificencia regia, a algumas fidalgas vivas, e a varios servidores da casa real.
A quinta consta de um jardim, para onde deita uma frente do palacio anterior ao terremoto de 1755, de pomares, e de um horta ajardinada com um grande tanque, etc. De certos sitios d'esta quinta goza-se uma linda perspectiva da cidade, do Tejo, e das povoações e montanhas da margem d'além."
in Archivo pittoresco : semanario illustrado

purl 3366.jpg

Planta da real quinta do Calvário, Lisboa, 1847, in http://purl.pt/3366

Mais sobre mim

foto do autor

Calendário

Maio 2016

D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2020
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2019
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2018
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2017
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2016
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D