"SENHORA. - Havendo a Camara Municipal de Lisboa de proceder á factura da Calçada da Rua Direita do Arsenal, desde o Terreiro do Paço até á Praça do Corpo Santo, bordando-a, para maior comodidade do transito publico, com passeios de lagêdo, em harmonia com a planta do resto da Cidade nova, e faltando apenas, para isto se conseguir, um passeio na frente do Edificio, que alli se acha pertencente á Fazenda Nacional; a Camara Municipal de Lisboa vem perante o Throno de Vossa Magestade rogar que seja servida mandar passar as suas ordens para que pela repartição das Obras Publicas, ou por outro qualquer outro meio, que a Vossa Magestade mais contente, se proceda á factura do referido passeio de lagêdo, afim de que a Municipalidade possa levar ao cabo a obra projectada.
Deus guarde a Vossa Magestade por muitos, e dilatados annos como todos havemos mister. Camara 14 de Julho de 1839."
in Synopse dos principaes actos administractivos da Camara Municipal de Lisboa do anno 1839
Rua do Arsenal, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Levantamento topográfico de Francisco e César Goullard, nº 51, in A.M.L.
Rua do Arsenal, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
" Egreja do Beato Antonio. - Adiante de Xabregas, e tambem junto ao Tejo, ergue-se no fundo de uma alameda d'arvores annosas este bello templo, com alta fachada de cantaria coroada por duas torres e varias piramides. Pertenceu outr'ora á congregação de S. João Evangelista, cujo convento agora se vê transformado em casas particulares, em fabricas, e armazens. A primeira fundação d'este convento foi obra da rainha D. Isabel, mulher del-rei D. Affonso V. Porém depois teve muios augmentos e reconstrucções. A egreja actual foi feita desde os alicerces no reinado de D. Sebastião por diligencias do conego Antonio da Conceição, beatificado no seculo passeado, e desde então conhecido por <<Beato Antonio>>, nome que o vulgo ficou dando á egreja, que tinha a invocação de S. Bento de Xabregas, e tambem ao sitio. Estão ligadas a este convento algumas memorias historicas d'aquelle infeliz reinado, pois el-rei D. Sebastião ia alli muitas vezes visitar e consultar sobre negocios do estado o conego Antonio da Conceição, a quem muito venerava por suas singulares virtudes. Ainda lá se mostra o logar onde o desditoso rei, nas vesperas da fatal jornada de Africa, se despediu d'elle pedindo-lhe o recommendasse nas suas orações. O templo, um dos mais vastos e bem construidos de Lisboa, e que resistira aos impulsos do terremoto, foi desgraçadamente profanado algumtempo depois da extinção das ordens religiosas, e despojado dos seus adornos, e de quanto servia ao culto divino. Pois além das circunstancias mencionadas, que reclamavam a sua conservação, accrescia mais encerrar as cinzas da infanta D. Catharina, filha del-rei D. Duarte, trasladadas para a capella-mór d'esta egreja, depois que o terremoto de 1755 destruiu o convento de Santo Eloy de Lisboa, onde tinham jazigo. Tambem na capella-mor do Beato Antonio se viam os tumulos dos antigos condes de Linhares, sustentados por elephantes de marmore. Ao lado da egreja ficava o celebre <<embrexado do Beato Antonio>>, que tanto povo attrahia em certos dias do anno, levados uns da devoção ás capelinhas do santo, outros da curiosidade para admirarem lindos mosaicos de conchas, pocelanas e pedrinhas, e alguns tambem do desejo de gozarem da frescura do logar, abrigado de um lado peka egreja, e dos outros por copadas arvores, e pelos terrenos escarpados da cerca." in Archivo pittoresco : semanario illustrado, 5.º Ano, n.º 45, 1862
Convento do Beato António, fachada principal, foto de Henrique Cavolla, in a.f. C.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa, nº9, de Filipe Folque, in A.M.L.
"Iniciando o resurgimento das grandes construcções navaes em Portugal; foi lançado á agua no dia 10 do corrente o novo cruzador de aço <<Rainha Dona Amelia>>, construido no Arsenal da Marinha sob a direcção do engenheiro sr. Croneau, contractado para assumir a gerencia technica d'aquelle estabelecimento fabril. A cerimonia do lançamento do navio chamou ao Arsenal uma multidão que enthusiasticamente saudou esse acto com gritos patrioticos e estrondosas salvas de palmas. O navio é elegantissimo e possue todos os melhoramentos indicados pela sciencia da nautica moderna e pelas mais recentes descobertas da arte da guerra...E podêmol-o dizer: poucas vezes temos assistido a espectaculos mais grandiosos e mais commoventes, do que esse lançamento d'um navio, do primeiro que a industria nacional construiu. Quando Sua Magestade a Rainha, ao soltar-se o ultimo espeque que prendia o casco, disse a phrase consagrada: Em nome de El-Rei, vae com Deus! - todos sentiram vibrar em si o enthusiasmo, a commoção, que despertára esta phrase tão simples e tão grande na sua simplicidade." in O Branco e Negro : semanário illustrado, Ano I, n.º 3, 22 Abr. 1899
Dom Carlos e a rainha Dona Amélia, no lançamento à água do cruzador Rainha Dona Amélia, 1899, foto de José Chaves Cruz, in a.f. C.M.L.
O Ocidente : revista ilustrada de Portugal e do estrangeiro, Nº 731
Dom Carlos e a rainha Dona Amélia, no lançamento à água do cruzador Rainha Dona Amélia, 1899, foto de José Chaves Cruz, in a.f. C.M.L.
Arsenal de Marinha, lançamento à água do cruzador Rainha Dona Amélia, 1899, foto de José Chaves Cruz, in a.f. C.M.L.
Arsenal de Marinha, lançamento à água do cruzador Rainha Dona Amélia, 1899, foto de José Chaves Cruz, in a.f. C.M.L.