Mercearias de Dom Afonso IV
"Fundada por D. Afonso IV (1325-1357), a mercearia que existiu junto à Sé de Lisboa, destinava-se a vinte quatro pobres, doze homens e doze mulheres. Mas no seu testamento, o rei faz referência explícita a "hum hospital a serviço de Deus". Na realidade, tratava-se de uma mercearia com a particularidade de, além de dinheiro para a alimentação, roupa e cama, os merceeiros terem também direito a assistência médica.
As mercearias (nome que deriva da palavra mercês, "graças, benefícios, tenças, donativos, favores") destinavam-se a recolher pessoas de ambos os sexos, de "bons costumes, de boa fama, e vergonha", de boa condição mas caídas na pobreza ("homes bons e mulheres q houverem honra e houverem algo de seu, e boa vivenda, e cairão della, non por maos feitos que fizesse, nem por más manhas, nem por maos costumes q houvessem"), e geralmente idosos ("non sejão de menor idade de cincoenta annos", salvo se forem deficientes ou doentes crónicos), como se pode ler no testamento de D. Afonso IV (ca. 1345) (cit. por Lemos, 1991, Vol. I. 99).
Em troca da assistência que lhes era prestada, os merceeiros ficavam obrigados a assistir diariamente a uma missa e a rezar pela alma dos seus benfeitores. A mercearia mais antiga que se conhece, no nosso País, terá sido fundada por Bartolomeu Joanes, um rico comerciante de Lisboa, em 1324, sendo destinada a doze pobres, que ali "seriam mantidos para todo o sempre" (Silva, 1981. 275)."
in http://www.ensp.unl.pt/lgraca/textos71.html
Mercearias de Dom Afonso IV , Rua do Limoeiro, 1945, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa nº 44, de Filipe Folque, in A.M.L.