Após concessão do terreno pelo rei (D. José I), em 1768, foi a capela construída, entre os arcos do Aqueduto das Águas Livres e dedicada a Nossa Senhora de Monserrate, padroeira dos artífices franceses.A construção é patrocinada pela Irmandade de Nossa Senhora de Monserrate e foi custeada pelos fabricantes da seda, em cujas proximidades, no actual Largo do Rato, se situava a antiga Real Fábrica das Sedas. Em 15 de Setembro o rei concede a Real Protecção à Ermida.
Ermida de Nossa Senhora de Monserrate, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa nº 26, de Filipe Folque, in A.M.L.
Ermida de Nossa Senhora de Monserrate, altar, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Ermida de Nossa Senhora de Monserrate, traseiras, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"...Publicou em 1904 o saudoso investigador Sousa Viterbo, uma interessante notícia àcêrca do Cruzeiro das Laranjeiras. Descreve-o, como todos nós ainda o vimos, no extremo da quinta que foi do Conde de Farrobo, junto às grades que a separavam da estrada de Benfica <<próximo do chafariz da Convalescença>>. Erguia-se então sôbre dois degraus de pedra lioz <<tendo o primeiro 1m,55 de comprimento e o segundo 1 metro, sendo a altura de cada um 0m,18>>. A base da coluna tem 0m,41 de altura por 0m,455 de lado. É uma robusta cruz floreteada de calcário brando, assente sôbre um capitel gótico. O fuste, de mármore, mede 1m,255. Numa das faces da cruz está a imagem mutilada de Cristo, e na face oposta, sôbre uma pequena mísula, a da Virgem com o Menino. Diz-nos Viterbo, que êste cruzeiro, durante a sua longa existência de mais de quatro séculos, terá sofrido alguns reparos e modificações. De facto, além de outros vestígios, nota-se que o Crucifixo está ali embutido e fixado com parafusos de metal. Em volta do capitel corre uma inscrição de caracteres góticos minúsculos, lida com algumas incorrecções por Gabriel Pereira, sôbre um calco de gêsso, para a notícia de Viterbo. Diz assim:
:PEDREANS MORADOR AQUI MADOU FAZER ESTE CRUZ A HORA DE DS i DE SCA M
É pois êste cruzeiro, como diz o citado escritor, <<devido como tantos outros, à piedade de um indivíduo que o mandou construir, ou por algumacto espiatório, ou por simples devoção, obedecendo ao sentimento religioso da época>>. Quanto ao aspecto paleográfico há apenas a notar a falta do "o" que, em expoente, completaria a abreviatura da palavra cruzeiro. As abreviaturas das palavras Deus e Santa são correntes. Certo dia foi apeado, e não mais o viram os que passam pela estrita e tristonha estrada de Benfica. Não está porém perdido, antes foi parar a mãos que o conservam e respeitam. Por morte da Senhora Condessa de Burnay, última proprietária da quinta das Laranjeiras, ficou o velho cruzeiro, havia já tempos recolhido nas arrecadações do palácio, pertencendo a sua neta D. Teresa, filha do falecido Conde de Mafra, pessoa do mais culto espírito, que o trouxe para sua casa, o antigo palácio dos Marqueses de Valença, ao Campo Grande, e cuidadosamente o ergueu numa das ruas do jardim, onde, embora sem os degraus que já não foram encontrados, está ao abrigo de possíveis mutilações. Lumiar, Quinta de Nossa Senhora do Carmo, em 27 de Janeiro de 1943." in Olisipo : boletim do Grupo «Amigos de Lisboa», A. VI, n.º 23, Julho 1943
Cruzeiro das Laranjeiras, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Palácio Valença Vimioso, cruzeiro das Laranjeiras existente no jardim, 1968, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Palácio Valença Vimioso, cruzeiro das Laranjeiras existente no jardim, 1968, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Este Palácio foi pertença dos 2ºs. marqueses de Valença nos primórdios do século XIX. Foi comprado ao conde de Vimioso por Pinto da Cunha. A quinta era muito maior do que é hoje, o campo de futebol onde estiveram instalados primeiramente o Sporting e depois o Benfica, foi construído em terrenos que pertenciam ao Palácio. Algumas das salas conservam-se como estavam no século XIX. O cruzeiro é Monumento Nacional e o Palácio, Imóvel de Interesse Público.
Palácio Valença Vimioso ou palácio do conde de Vimioso, 1968, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.