O viaduto da Avenida General Roçadas fez parte, da área de intervenção do “Plano de Urbanização do Vale de Santo António” que tinha uma superfície de cerca de 45 Ha e localizava-se numa zona central de Lisboa, entre a Penha de França, o Alto de S. João e o Rio. Era constituída por dois vales encaixados que desaguavam no Mar da Palha e que estavam rodeados por tecidos urbanos consolidados, alguns deles com uma formação anterior a 1850.
Preparação para a construção do Viaduto na avenida General Roçadas, 1957, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Viaduto em construção na avenida General Roçadas, 1957, foto de Armando Serôdio, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Viaduto da avenida General Roçadas em construção, 1957, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Viaduto da Avenida General Roçadas, 1958, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Viaduto da avenida General Roçadas, 1958, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Da zona envolvente do Mosteiro dos Jerónimos, que foi demolida para dar lugar à Exposiçao do Mundo Português, em 1940, e sobre a qual já escrevi por aqui umas linhas, deixei de fora contudo outros edifícios, que por se encontrarem, na zona diametralmente oposta, relativamente ao Mosteiro dos Jerónimos, e por não fazerem parte da zona mais afectada, não me mereceram então a atenção devida. Vamos pois ver o caso de um deles. O palacete que em muitas fotografias surge à esquerda do Mosteiro, muito próximo do local onde hoje podemos ver o Museu da Marinha, foi mandado construir por José Maria Eugénio de Almeida, à época provedor da Casa Pia de Lisboa, instituição que tinha passado a ocupar os terrenos anexos ao Mosteiro desde 1833. Este palacete neoclássico, destinado a morada do próprio, foi o primeiro de muitos edifícios a ser demolido, para a dita Exposição, em 1939.
Parada da Marinha Portuguesa junto do Mosteiro dos Jerónimos, fotografia aérea, entre 1930 e 1932, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Palacete do provedor da Casa Pia, c. 1900, foto de Paulo Guedes, in a.f. C.M.L.
Fotografia aérea das zonas de Belém e Ajuda, entre 1930 e 1932, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fotografia aérea sobre o Mosteiro dos Jerónimos e da Praça do Império, entre 1930 e 1932, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Mosteiro dos Jerónimos, vista de nascente para poente, da fachada sul, vendo-se ao fundo, do lado esquerdo o Palácio Marialva, e mais à direita o Palacete de José Maria Eugénio de Almeida, foto de Kurt Pinto, in a.f. C.M.L.
"Segundo alguns historiadores portugueses, a Igreja de S. Jorge de Arroios teria sido erigida em 1148 pelo Bispo de Lisboa, então reconquistada; mas na opinião de outros, os princípios deste templo perdem-se na bruma dos tempos, e a capela só se tornou conhecida como a capela de S. Jorge de Arroios em 1168. Foi neste lugar, disseram, que depois se construiu a igreja que o terramoto de 1755 arrasou completamente. Há documentos antigos, onde se lê que a paróquia de Arroios foi uma das primeiras, mas que andou transferida por igrejas e capelas até ao último quartel do século XVIII. Nessa época foi adquirido um terreno no Largo de Arroios para se construir uma igreja paroquial, só inaugurada em 1829. Era então uma igrejinha muito simples, apenas com uma nave que foi restaurada em 1895. Esteve muito tempo fechada, não se celebrando nela nenhum culto, o que se fazia então na igreja do convento, que veio a ser mais tarde o hospital de Arroios. Em 1937 fizeram obras na Igreja de Arroios e três anos depois era dotada com um guarda-vento, junto do qual se achava o antigo cruzeiro de Arroios. Este cruzeiro é um monumento nacional e valioso. Está talhado em pedra lioz, tem numa face o Cristo crucificado e na outra S. Vicente. Em 1969 a igreja não satisfazia e a urbanização da cidade fê-la demolir por não comportar um mínimo necessário ao apostolado moderno." in Olisipo : boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", A. XXXVI, n.º 136, Janeiro/Dezembro 1973
Igreja de Arroios, fachada principal, ant. a 1945, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa, n.º 6, 1858, de Filipe Folque, in A.M.L.
Levantamento topográfico de Francisco Goullard, n.º 58, 1881, in A.M.L.
Cruzeiro da igreja de São Jorge de Arroios, ant. a 1945, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Igreja de Arroios, fachada principal, ant. a 1945, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Igreja de Arroios, fachada principal, anos 50, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
As árvores na Praça do Comércio (cuja existência e abate sempre levantaram polémica), surgiram de uma proposta em sessâo municipal a 11 de Dezembro de 1865, por parte do vereador Polycarpo dos Santos, para arborização da referida Praça. Plantadas as árvores, foram no entanto necessários vários anos, até que estas tivessem uma copa capaz de abrigar do sol, quem frequentava o local e se sentava nos bancos existentes à data na praça. Foi precisamente a dimensão das copas, o motivo do fim das árvores, tornava-se impossível, a partir do centro da praça, ver as arcadas e as janelas de todo o conjunto pombalino. A Real Associação de Arquitectos, foi quem mais pressão fez junto da edilidade, até que as mesmas fossem arrancadas. O que veio a suceder na segunda década do séc. XX, quando às árvores se juntaram os bancos de pedra, sendo tudo arrancado, também neste caso, por decisão camarária.
Panorâmica da praça do Comércio, foto de Paulo Guedes, in a.f. C.M.L.
Praça do Comércio, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Ociosos na praça do Comércio, 1907, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Forças policiais em exercícios, 1918, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Praça do Comércio, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Praça do Comércio, 1907, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Praça do Comércio, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"Assim acabou o cativeiro da Torre de Belém - após 50 anos de clamor contra o gasómetro. A operação do derrube das duas chaminés que ladeavam a torre de Belém atraiu ao local muitas pessoas que, avisadas da hora da explosão, manifestaram grande ansiedade em assistir ao desmoronamento...Os trabalhos de demolição foram dirigidos pelo eng. Bastos Gonçalves, que colocou cinco quilogramas de dinamite, divididos em pequenas parcelas, na base de cada chaminé. Eram 15 e 10, quando se ouviu um toque de clarim, que constituía o convencionado sinal de precaução para as pessoas que se encontravam nas imediações. Dez minutos depois, novo toque de clarim deu sinal para a primeira explosão, que se ouviu logo a seguir. Depois de um pequeno período de fumo e poeira, que se revelou na base da chaminé, verificou-se que esta sofrera um forte rombo, que no entanto não fora suficiente para a fazer cair. Uma segunda explosão, preparada para daí a instantes, abalou então a base da coluna, que caiu sobre a direita, quase suavemente, até atingir o solo, com grande estrondo e levantando no espaço grossa nuvem de fumo e poeira. Logo a seguir preparou-se a queda da chaminé do lado, para o que logo foi dado o novo sinal, sonoro. Também esta não caiu à primeira explosão, nem mesmo à segunda, só a detonação de um terceiro tiro se revelando com energias bastantes para eliminar as ultimas resistências da sombra negra que teimava em não se separar da imagem da torre de Belém." in Diário de Lisboa, 7 de Junho de 1950
Chaminés da Fábrica do Gás em Belém, demolição , foto de Claudino Madeira, in a.f. C.M.L.
Fotografia aérea sobre a zona de Belém, vendo-se a fábrica de gás, 1938, foto de Kurt Pinto, in a.f. C.M.L.
Fábrica de gás de Belém, 1912, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Fábrica do gás de Belém, no dia em que deixou de funcionar, 9-6-1949, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fábrica do gás de Belém, no dia em que deixou de funcionar, 9-6-1949, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fábrica de Gás de Belém , fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fábrica de Gás de Belém, chaminés com explosivos prontos para a demolição, 7 de Junho de 1950, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Demolição das chaminés, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Demolição da 1,ª chaminé, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fábrica de Gás de Belém, demolição da 2.ª chaminé, 7 de Junho de 1950, fotógrafo n/i, in a.f. C,M.L.
Demolição da 2.ª chaminé, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fotografia aérea da Torre de Belém, após as demolições, foto de Filmarte, in a.f. C.M.L.
"Um incêndio de grandes proporções destruiu no dia 25 de Agosto de 1988, parte da zona histórica do Chiado, uma das mais caracteristicas da Baixa Pombalina e da cidade de Lisboa. A área atingida, cerca de oito mil metros quadrados, é delimitada pela Rua Garrett, Rua lvens, Calçada de S. Francisco, Rua Nova do Almada, Rua de S. Nicolau. Rua do Crucifixo, Rua da Assunção, Rua do Ouro, Rua de Santa Justa, Rua do Carmo e Calçada do Sacramento. Em poucas horas, um património histórico-cultural secular e de valor único para a cidade e para o país foi consumido pelas chamas. Desaparecia parte da zona nobre e elegante do Chiado, centro do comércio tradicional lisboeta que ali se desenvolveu depois do terramoto de 1755 e a que Eça de Queirós e Camilo, entre diversos escritores e figuras da vida cultural, deixaram para sempre o seu nome ligado. Grandes armazéns como o Grandela, criado no fim do século XIX por Francisco Grandela e o Chiado, fundado pela famllia Nunes dos Santos em 1905, ficaram completamente destruídos. Outros estabelecimentos de grandes tradições foram igualmente atingidos: a <<Casa José Alexandre>>, bem representativa do Chiado do século passado. <<Casa Eduardo Martins>>, o <<Jerónimo Martins>>, fundado em 1792, a <<Pastelaria Ferrari>>, fundada em 1827 e ainda a <<Casa Batalha>>, a mais antiga do país, fundada no distante ano de 1635. Completamente irrecuperáveis ficaram todos os arquivos históricos da <<Valentim de Carvalho>>, a mais antiga editora discográfica do país. Combateram o incêndio todas as corporações de bombeiros da área de Lisboa que de forma exemplar souberam evitar, com abnegado esforço e dedicação, que a tragédia atingisse maiores dimensões. De salientar ainda a actuação do Regimento de Sapadores Bombeiros no combate ao fogo, na sequência da qual viria a falecer o bombeiro Joaquim Diogo Catana Ramos a quem a CML, na sua reunião de 5 de Setembro, atribuiu a titulo póstumo a Medalha Municipal de Valor e Altruísmo, grau Prata com palma."
in Lisboa: Revista Municipal N.º 25
Incêndio do Chiado, foto do blog Embaixada de Portugal no Canadá
"A caravana atulhada de trouxas de roupa branca, já lavada nas frescas águas das ribeiras mais próximas, chegava a Lisboa pela manhã.distribuiam-se os fardos e renovava-se a encomenda. Certas estalagens alfacinhas transformaram-se em quartéis-generais do acolhimento ao saloio: a dos Camilos, ao pé da Praça da Figueira, e algumas outras no Poço dos Negros ou na Rua dos Poiais de S. Bento. Eram um misto de taberna, estábulo e casa de pasto. Muitas vezes, a única cama disponível para dormir era a própria trouxa dos lençois para lavar. E, no dia seguinte, partiam trouxa e lavadeira, rumo aos arrabaldes, recomeçando o ciclo da roupa branca." in "Lisboa Desaparecida", vol. 3, de Marina Tavares Dias
Lavadeiras dos arredores com as trouxas de roupa, foto de Joshua Benoliel, início séc. XX, in a.f. C.M.L.
Transporte das lavadeiras saloias , 1949, foto estúdios Mário Novais, in a.f. C.M.L.
Lavadeiras, foto de Alberto Carlos Lima, início séc. XX, in a.f. C.M.L.
Lavadeiras, foto de Paulo Guedes, início séc. XX, in a.f. C.M.L.
Lavadeiras, foto de Paulo Guedes, início séc. XX, in a.f. C.M.L.
Transporte das lavadeiras saloias , 1949, foto estúdios Mário Novais, in a.f. C.M.L.
"No dia 3 do corrente realisou-se com a devida solemnidade a inauguração da entrada das aguas do rio Alviella, no dominio do regimen biologico de Lisboa. Resolveu-se aproveitar as aguas do Alviella, não só pela sua qualidade, superior a quasi toda a agua dos aqueductos de Lisboa, mas porque a cota da sua nascente acima do nivel do mar, 54,33m, permittia com facilidade fazel-a chegar a todos os pontos de Lisboa. Para o aproveitamento das aguas d'este rio, adoptou-se um traçado que tem de declive constante 0,12m por Kilometro, vindo pela margem direita do Alviella, passa em Pernes, Santarém, Valle de Lobos, Almoster, Ota, Alemquer, Villa Franca, Alhandra, Póvoa, atravessa por meio de um syphão o rio de Sacavem, seguindo aos Olivaes, Chelas, Xabregas, vindo a entrar na cidade pelo valle de Lazaro Leitão, lancando-se no grande reservatorio estabelecido na antiga cerca dos Barbadinhos, na calçada com o mesmo nome, com a cota de 31,66m acima do nivel do mar. Na antiga cerca dos Barbadinhos, construiram-se os edificios necessarios para um grande reservatorio com tres fortes machinas elevadoras. Não podemos passar em silencio a obra mais consideravel no trabalho desde a nascemte até á cidade, que é a ponte syphão de Sacavém." in O Ocidente : revista ilustrada de Portugal e do estrangeiro, N.º 68 e N.º 69, de 15 de Out. e 1 de Nov. de 1880
Estação elevatória dos Barbadinhos, início séc. XX, foto de Alberto Carlos Lima, in a.f. C.M.L.
"DOCUMENTO N.º 1 OFFICIO. - SECRETARIA GERAL. - 1.ª Repartição. -N.º 66. ILL.mo e Ex.mo Sr. -Tendo a Camara Municipal de Lisboa expedido as mais terminantes ordens para se conservar o maior aceio nos caes das Columnas e do Sodré, não tem podido conseguir o seu fim porque os respectivos Empregados tem reclamado da Camara as precisas providencias para se evitar naquelles locaes o desembarque de peixe; e sendo certo, que a bôa policia e aceio demandam que se não consinta naquelles recintos o desembarque do dito genero, espera a Camara que V. Ex.ª em attenção ao exposto, se servirá de expedir as suas ordens, fazendo prohibir o referido desembarque de peixe nos ditos caes, evitando por este modo os inconvenientes que de tal abuso se seguem. Deos Guarde a V. Ex.ª Camara 16 de Janeiro de 1851. -ILL.mo e Ex.mo Sr. Administrador Geral do Pescado do Reino. - O Presidente Nuno José Pereira Basto. - Está conforme. - O Escrivão da Camara, José Maria da Costa e Silva." in Synopse dos principaes actos administractivos da Camara Municipal de Lisboa do anno 1851
Cais das Colunas, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Cais das Colunas, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Cais do Sodré, 1906, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fragatas no Cais do Sodré, 1892, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Hoje 19 de Agosto comemora-se, o Dia Mundial da Fotografia. A celebração da data tem origem na invenção do daguerreótipo, um processo fotográfico desenvolvido por Louis Daguerre em 1837. Desde essa data até aos dias de hoje, muitos fotógrafos profissionais e amadores, registaram nas suas camaras, mais ou menos sofisticadas, imagens de Lisboa. Desses registos, uns perduram para a posteridade, enquanto outros, se vão perdendo no fundo das gavetas.
Aqui ficam, em jeito de homenagem, a todos os que tem ilustrado a nossa vida através da fotografia, alguns registos dos próprios enquanto fotógrafos.
Joshua Benoliel, em cima de um carro prestes a fotografar o duelo entre Afonso Costa e o Dr.Alexandre d'Albuquerque, na Quinta dos Loureiros em Benfica, 1910, in a.f. C.M.L.
Fotógrafo à la minute, no Jardim Zoológico, 1960, foto de Eduardo Gageiro, in a.f. C.M.L.
Fotógrafo em serviço, na rua do Condes, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.