O sinal de trânsito mais antigo de Lisboa, situa-se, entre o n.º 26 e o n.º 28 da Rua do Salvador, em Alfama. É um padrão. que data de 1686 mandado afixar por D. Pedro II, para orientar os coches seges e liteiras, que passavam por esta rua estreita. Diz assim: ANO DE 1686 SUA MAJESTADE ORDENA QUE OS COCHES, SEGES E LITEIRAS QUE VIEREM DA PORTARIA DO SALVADOR RECUEM PARA A MESMA PARTE Curiosamente esta não era a regra geral, pois a Lei de 22 de Outubro de 1686, determinava que: "aonde, pela estreiteza da rua, seja preciso recuar algum delles, os que forem subindo sejam os que recuem, pela maior difficuldade que tem os que vem baixando" Continuando a leitura chega-se à explicação para este padrão dizer o oposto: "nas ruas desta Cidade, nos quaes, encontrando-se coches, seges, ou liteiras, ha precisamente de recuar algum; e que naquella mesma parte em uma das paredes se ponha padrão, em que estará escripto com clareza quem deve recuar, tanto que chegar ao termo assignalado".
Padrão com o sinal de trânsito mais antigo de Lisboa, foto de Machado & Sousa, in a.f. C.M.L.
Legislação Régia, ano de 1686.
Planta Topográfica de Lisboa 12 G, 1909, in A.M.L., localização aproximada do padrão de 1686.
"A antiga Maternidade Bensaúde, na rua da Beneficiência, era um dos locais mais conhecidos em Lisboa onde as mulheres na clandestinidade podiam ter os filhos, sem que lhes pedissem documentos de identificação ou as denunciassem à PIDE. Foi lá que nasceu, em 1953, António Vilarigues, filho de Sérgio Vilarigues e Alda Nogueira, e, em 1966, Susana Magro Ramos, filha de Rui Ramos e Manuela Magro. Se no primeiro caso, a mãe foi assistida por um médico comunista, no segundo caso, Rui Ramos conta que ninguém pediu documentos comprovativos de identidade, embora tivesse dado uma morada falsa de que já nem se lembra. A maternidade tinha sido criada pelo médico Abraão Bensaúde (em 1928) para assistir as mães solteiras que, durante o regime de Salazar, não podiam recorrer aos hospitais públicos. Ali, ninguém pedia para ver os documentos ou saber se a paciente pertencia a um partido proibido ou não." in "Público-Lisboa, 25 de Abril de 1999"
Maternidade Abraão Bensaúde, 1960, foto de Arnaldo Madureira
Diário do Governo de 28 de Abril de 1936, com o Decreto n.º 26:554, que aprova o quadro e vencimentos do pessoal da Maternidade Abraão Bensaúde, precisamente o Governo de António de Oliveira Salazar.
O Edital de 31 de Dezembro de 1855, visava a regulação dos números dos prédios, a forma de numeração e a sua relação com o Tejo, e mesmo a forma como os números deveriam ser pintados e as suas dimensões. Assim a partir deste Edital os números pares passam a formar o lado direito da rua e os ímpares o seu lado esquerdo, este edital explica também como se determina o "lado direito de uma rua" e onde se deve colocar o primeiro número de cada série.
in "Legislação Régia, Livro 1855"
Casa de móveis Elysio Santos & Cª, Rua Augusta, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
A Feira de gado do Campo Grande que se realizava junto ao chafariz e à Igreja dos Santos Reis Magos, teve o seu início, por Edital de 10 de Março de 1851, no Domingo, 6 de Abril do mesmo ano. Para além do mercado de gado e da própria feira, também neste mesmo local do Campo Grande se promoviam exposições e concursos de gado. O concurso efectuava-se junto ao Chalet das Canas, onde o júri reunia. O primeiro concurso pecuário teve lugar em Junho de 1909, e foi promovido pela Real Associação Central de Agricultura Portuguesa.
Feira de gado, 1903, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Feira de gado, fotógrafo n/i, s/d, in a.f. C.M.L.
Concurso de raça bovina no Campo Grande, promovido pela Real Associação Central de Agricultura, 6 de Junho de 1909, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Concurso de raça bovina no Campo Grande, promovido pela Real Associação Central de Agricultura, 6 de Junho de 1909, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Decreto do Ministério do Reino, de 11 de Setembro de 1852, subdividindo o Concelho de Lisboa em três, sendo dois exteriores, um denominado dos Olivais, a Nascente, e outro a Poente, denominado de Belém. Por este Decreto ficou também estabelecido que o Governo designaria dois edifícios do Estado, para servirem de Paços do Concelho em cada um dos novos Municípios criados. O edifício escolhido para o Concelho de Belém, situava-se na Rua Nova do Calhariz, à Ajuda, enquanto o escolhido para o Concelho dos Olivais se situava no Largo do Leão. Como curiosidade, ambos ainda existem, tendo sido também ambos aproveitados como Escolas, após o desaparecimento destes Concelhos com a reintegração no Município Lisboeta. Outra curiosa coincidência envolveu estes dois edifícios, ambos foram utilizados por dois escritores portugueses. A Escola Primária n.º 18, que veio substituir a Câmara Municipal de Belém teve o nome de Alexandre Herculano, primeiro presidente do Concelho de Belém; a Escola Primária n.º 14, que substituiu a Câmara Municipal dos Olivais, teve como aluno José Saramago.
Casa onde esteve instalada a antiga Câmara Municipal de Belém, anos 70 do séc, XX, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Casa onde esteve instalada a antiga Câmara Municipal dos Olivais, 1946, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Decreto do Ministério do Reino, de 11 de Setembro de 1852
Decreto do Ministério do Reino, de 11 de Setembro de 1852
"O Chiado representa uma homenagem ao poeta Ribeiro Chiado, coevo de Camões. Foi por ali, como bom pandego que era, que o vate pitoresco espanejou durante annos a sua musa. D'ahi, a designação que o vulgo deu á arteria lisboeta, que ainda hoje, quando tudo se transforma e abastarda, mais caracter e mais feitio possue." Assim se escrevia no jornal "A Capital:diario republicano da noite, N.º 2124 (14 Jul.) de 1916", mas será que estes factos correspondem à realidade? Então vejamos: No livro "Tempo Passado" de Matos Sequeira, este revela um documento da «Colegiada de São Julião de Lisboa», descoberto por Alberto Pimentel, que reconhece um foro feito à «Colegiada» na Rua das Portas de Santa Catarina, esquina com a Calçada Paio de Nabares. Esse foro era referente a umas casas pertencentes a Gaspar Dias - o Chiado. Este Gaspar Dias era taberneiro e deixou por morte, a loja à mulher (tal como a alcunha).O documento, de 3 de Junho de 1567 (19 anos antes da divulgação do termo) expressa: "as casas de Catarina Diaz a Chiada de alcunha". Um edital de 1 de Setembro de 1859, determina que a designação de "Chiado" seja extensivo à totalidade da Rua das Portas Santa Catarina. Outro Edital de 14 de Junho de 1880, passa a denominar esta artéria de Rua Garrett. O topónimo Chiado volta a ser usado para substituir o nome de Largo das Duas Igrejas em Edital de 19 de Maio de 1925. A esta luz, só a partir de 1925 o termo "Chiado", passa a ser sinónimo do poeta.
Rua Garrett, cerca 1953, foto de António Passaporte, in a.f. C.M.L.
Planta da antiga rua Direita das Portas de Santa Catarina e Chiado, anterior ao terramoto, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
"E explica o nosso excellente Bluteau: <<O que na cidade de Lisboa chamamos o Corpo-Santo não é palacio; é uma ermida, ou o bairro, em que por uns degraus de pedra se sobe a uma pequena egreja, dedicada ao Santo que os homens do mar costumam invocar nas tormentas, e lhe chamam alguns Santelmo ou São Telmo, e outros gritam disendo: Salva, salva, Corpo-Santo!>> E vem outro narrador, o autor do «Sanctuario Marianno», e escreve: <<Deu-se áquella casa o titulo de Corpo-Santo por causa de se venerar n'ella uma Imagem de S. Pedro Gonçalves, a que os maritimos e navegantes chamam Corpo-Santo, e os Castelhanos «San Telmo»; e...concorrem áquella casa, a visital-a e a pagar-lhe os votos que fazem; e com esta occasião se começou a denominar aquelle sitio <<o Corpo-Santo>>." in "A Ribeira de Lisboa", de Júlio de Castilho
Igreja do Corpo Santo, fachada principal, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Largo do Corpo Santo, foto de C. P. Symonds, 1856, in a.f. C.M.L.
Panorâmica da zona envolvente do Largo do Corpo Santo, vendo-se o Hotel de Paris, post. a 1895, in a.f. C.M.L.
Largo do Corpo Santo, fotógrafo n/i, s/d,( provavelmente a data e o autor serão os mesmos da segunda foto ), in a.f. C.M.L.
"Todos os barcos que navegam no Tejo pagam um imposto á camara municipal de Lisboa, chamado do Tragamalho, imposição antiquissima, e tanto que se lhe perdeu já a etymologia, sem que os esmerilhadores de antigualhas tenham até agora podido atinar com a derivação d'este nome. A camara, em consulta de 28 de junho de 1852, propoz ao governo um formulario do que deviam pagar todas as embarcações que navegassem no rio de Lisboa, ou viessem a seus portos, o qual foi approvado pela regia resolução de 17 de Setembro do mesmo anno. Eil-o aqui, como parte integrante da historia d'esta marinha do Tejo. De cada viagem que fazem a esta cidade os barcos de Villa-Nova, pagam 200 rs.
De cada viagem que fazem os barcos de Abrantes, Punhete, Tancos, Barquinha, Chamusca, Azambuja, Azinhaga, Santarem, Escaropim, Salvaterra, Porto de Muge, Virtudes, Samora, e Benavente, 150 rs. De cada viagem que fazem os barcos de Povos, Villa-Franca, Alhandra, Alverca, Póvoa, Sacavem, e Friellas, 100 rs. Os barcos de Abrantes, Punhete, Tancos, Barquinha, Chamusca e Azinhaga , pagam além de 150 rs. acima referidos, mais, de uma avença muito antiga, a que chamam «cabo de anno», pelas viagens que fazem aos porto do termo até Paço d'Arcos, 1 :000 réis. Todas a embarcações dos portos acima declarados, que fazem viagens de verão, que vem a ser: conduzir palha ou fruta para esta cidade, o qual verão principia desde o dia de S. Pedro até á feira de Villa-Franca; não pagam n'este tempo por viagens, mas sim por avença, que vem ser: Cada barco, 4:000 rs. Cada bateira ou lancha, 3:000 rs. Cada batel, 2:000 rs. Os barcos do Samouco, Alcochete, Aldea-Gallega, Moita, Lavradio, Alhos-Vedros, Barreiro, Aldea de Pae Pires, Seixal, Cacilhas, Porto Brandão, Trafaria, Coina , Cascaes, e Paço d'Arcos, pagam por ajuste. As falúas, pagam 1:400 rs. por anno. As falúas que andam nas carreiras para Cacilhas, 2:000 rs. Os barcos de Moios, 1:200 rs. As fragatas, 1:000 rs. Os botes, a 960 e 800 rs., conforme a sua grandeza."
in Archivo pittoresco : semanario illustrado, 3.º Ano, n.º 36, 1860
Fragatas no cais da Ribeira Nova, fotógrafo n/i, s/d, in a.f. C.M.L.
Fragatas no Tejo, foto de Joshua Benoliel, 1912, in a.f. C.M.L.
Embarcações no rio Tejo, fotógrafo n/i, s/d, in a.f. C.M.L.
Embarcações do rio Tejo, foto de José Chaves Cruz, s/d, in a.f. C.M.L.