Convento da Madre Deus
"Foi fundado este mosteiro pela rainha O. Leonor, mulher del-rei D. João II, e irmã del-rei D. Manuel. Teve principio em 1508 em umas casas e horta chamada das Conchas, que foram então compradas a Alvaro da Cunha. Sendo mui circunscripto o primeiro plano das obras, no decurso do armo seguinte achou-se o convento em circunstancias de ser habitado pelas freiras franciscanas da primeira regra de Santa Clara, que a rainha D. Leonor mandou vir do convento de Jesus de Setubal.
Depois foi a mesma fundadora ampliando o edificio, e construiu-lhe nova egreja, que não chegou a ver concluída, pois quando morreu faltava-lhe a capella-mór. Foi feita esta por seu sobrinho, el-rei D. João III; e como a esse tempo se tivesse operado a transição da architectura gothica para a classica, ou do renascimento das artes, fez-se o mesmo que na egreja de Belem: construiu-se a capella-mór segundo o gosto da moda, sem se importarem com o estilo do resto do templo.
O terremoto de 1755 causou alguma ruina a este edifício, que foi logo reparada, mas, já se sabe, sem attenção á conservação das antigas feições. A porta principal e janellas do corpo da egreja foram feitas de novo, perdendo na reedificação as galas do estilo gothico.
A egreja é pequena, mas muito bonita e aceiada. E rica em obras de talha doirada, que se presume ser trabalho de um excellente esculptor, que, n'essa epocha, vivia em Lisboa, chamado Braz Mascarenhas. . Adornam os altares e paredes do templo varios quadros pintados pelos artistas nacionaes, Bento Coelho da Silveira, que floreceu no seculo XVII, e André Gonçalves, que morreu em 1762, de cujo pincel é o quadro da Gloria sobre a capella-mór.
A rainha D. Leonor fundou, contíguo a este mosteiro, um palacio para sua habitação, com serventia para o convento, e no qual viveu os seus ultimos annos. Era denominado Paço de Enxobregas, por estar situado no valle d'este nome, agora chamado de Xabregas. Este palacio, reconstruido no seculo passado, pertence hoje ao sr. marquez de Niza."
in "Archivo pittoresco : semanario illustrado", 5.º Ano, n.º 42, 1862
Já no século XX, foi adaptado a Museu do Azulejo, depois de um restauro na década de 30.
Convento da Madre de Deus, foto de Estúdios Mário Novais
Convento da Madre de Deus, fachada principal, anos 50, foto de Abreu Nunes
Igreja da Madre de Deus, fachada principal com portal manuelino, início séc. XX, foto de Alberto Carlos Lima, in a.f. C.M.L.
Igreja da Madre de Deus, interior, anos 30, foto de Alexandre Cunha, in a.f. C.M.L.
Igreja da Madre de Deus, coro, anos 50, foto de António Castelo Branco, in a.f. C.M.L.
Igreja da Madre de Deus, interior, anos 50, foto de António Castelo Branco, in a.f. C.M.L.
Igreja da Madre de Deus, interior, anos 50, foto de António Castelo Branco, in a.f. C.M.L.
Igreja da Madre de Deus, púlpito, anos 50, foto de António Castelo Branco, in a.f. C.M.L.
Convento da Madre de Deus, claustro, anos 50, foto de António Castelo Branco, in a.f. C.M.L.