O Padrão do Senhor Roubado
A edificação do Padrão do Senhor Roubado, que teve três fases distintas, entre 1744 e 1747, correspondendo à última os azulejos da parede do fundo, que relatam a "suposta odisseia do roubo" e a respectiva pena aplicada a António Ferreira, sempre conteve na sua história algumas incongruências, mas vejamos o que originou a realização deste padrão:
Na manhã do dia 11 de Maio de 1671 o padre da paróquia de Odivelas encontrou a Igreja Matriz virada do avesso: tinha sido assaltada na noite anterior, tendo sido roubadas algumas peças, vestuário de santos e dois vasos contendo as hóstias. Um mês depois, em 16 de Junho, foram encontradas algumas das peças roubadas, enterradas justamente no local onde viria a ser edificado em 1744 o padrão ao Senhor Roubado. Em 16 de Outubro do ano do roubo foi preso, junto ao Mosteiro de Odivelas (São Dinis), um homem que tentava roubar as galinhas do mosteiro. Foi preso e identificado como autor do roubo de 10 de Maio. O ladrão chamava-se António Ferreira e foi condenado a que lhe cortassem em mãos em vida e queimadas à sua vista, após o que foi garrotado e queimado numa fogueira ateada no Rossio no dia 23 de Novembro de 1671.
De facto as únicas certezas são: o roubo na Igreja, a carta régia de D.Pedro I, sobre o sacrilégio cometido em Odivelas, e a atribuição da culpa e consequente castigo a António Ferreira.
Ampliado do original que é uma foto estereoscópica, que se vê a seguir
Padrão do Senhor Roubado, s/d, foto de Leilão Soares e Mendonça, in a.f. C.M.L.
Carta régia de D.Pedro I, sobre o sacrilégio cometido em Odivelas, in "Legislação Régia", Livro 1648-1674
Padrão do Senhor Roubado, s/d, foto de Alexandre Cunha, in a.f. C.M.L.