Teatro Nacional D. Maria II
Desde 1836 que se pensava em erguer um novo teatro nacional e normal (iniciativa de Joaquim Larcher, Governador Civil de Lisboa, mas que não frutificou). Em Setembro de 1837 o Visconde de Almeida Garrett fora encarregado pelo Governo de escolher local para a construção do ambicionado teatro, e, após várias tentativas demoradas para a constituição de uma companhia, por acções, que levasse a efeito aquele empreendimento, essa companhia sempre se organizou, sancionada pelas Cortes em 4 de Maio de 1839, e que reuniu o capital de 30 contos de réis.
A sociedade comercial que se propunha construir o teatro, após várias peripécias, não levou bom caminho. Mas Almeida Garrett, não desistiu. A Câmara tinha adquirido ao Governo, o edifício em ruínas do chamado Palácio da Regência, e em 1840 não sabendo o que fazer com os terrenos e as ruínas do velho Palácio, promoveu a sua venda, Garrett apresentou então na Câmara dos Deputados uma proposta para a edificação do Teatro Nacional, ajudando o Governo com a cedência de terreno e materiais.
Em 6 de Novembro de 1840 a proposta foi convertida em Lei. E logo se lançou as vistas para o edifício da Regência, que há seis anos estava em ruínas, pertencendo à Câmara. O Governo desfez o nó, resolvendo adquirir à Câmara, por intermédio de uma comissão, essas ruínas e o seu chão, o que teve execução em 18 de Maio de 1841, sendo avaliado aquele imóvel em dez contos de réis.
O novo Teatro, que se chamou D. Maria II, com a classificação de Nacional e normal, e aprovado que foi o risco do arquitecto Fortunato Lodi, começando demolições e desaterro em 7 de Julho, teve o lançamento da primeira pedra em Novembro de 1842. Foi esta casa de espectáculos, que se deve ao Visconde de Almeida Garrett, inaugurada em 13 de Abril de 1846, e sobrevive hoje com o seu nome e título primitivo de Teatro Nacional D. Maria II.
De referir, a título de curiosidade, que o entulho apurado das ruínas se empregou na construção da Calçada da Rua dos Fanqueiros.
Bibliografia consultada: "Casas da Câmara de Lisboa", de Luís Pastor de Macedo e Norberto de Araújo
Teatro Nacional Dona Maria II, s/d, foto de Octávio Bobone, in a.f. C.M.L.
Planta do Theatro de D. Maria II / Fortunato Lodi - http://purl.pt/13465
Revista Universal Lisbonense - jornal dos interesses physicos, moraes e litterarios, N.º 43, 16 Abr. 1846
Fachada lateral do Teatro Nacional Dona Maria II, do lado do Largo São Domingos, 1944, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Teatro Nacional Dona Maria II, fachada lateral do lado do Largo Camões, s/d, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Rocio e o Teatro Nacional Dona Maria II, ant. 1867, foto de Legado Seixas, in a.f. C.M.L.
Teatro Nacional Dona Maria II, interior da sala, s/d, foto de Kurt Pinto, in a.f. C.M.L.
Teatro Nacional Dona Maria II, c. 1890, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Teatro Nacional Dona Maria II, fachada lateral no Largo Camões, s/d, foto de Paulo Guedes, in a.f. C.M.L.
Teatro Nacional Dona Maria II, fachada lateral no Largo São Domingos, s/d, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.