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Paixão por Lisboa

Espaço dedicado a memórias desta cidade

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Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento

Conhecido por Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento, situava-se defronte da Igreja de Santa Engrácia e dela nos diz João Baptista de Castro, no livro "Mappa de Portugal antigo e moderno", Vol. III, o seguinte:
"Santa Clara de Religiosas Seraficas observantes da Provincia chamada de Portugal. Foi fundada a Igreja no anno de 1294 por uma D. Ignez, viuva de D.Vivaldo, nacional de Genova, mas cidadão honrado de Lisboa, posto que já no anno de 1292 existiam aqui Religiosas. Deste Mosteiro amplissimo, exceptuando o dormitorio chamado de benção, e o dos corredores, duas varandas, e algumas Capellas, tudo mais, que em dormitorios, e casas particulares recolhia mais de seiscentas mulheres entre Religiosas, educandas, recolhidas e criadas, ficou ou de todo abatido, ou irreparavelmente arruinado com o terremoto. O seu famoso Templo, que era um monte de ouro, e na grandeza excedia a todos os mais Mosteiros da Çorte, ficou totalmente prostrado, excepto a tribuna e costas da Capella Mór, sepultando mais de quatro centas pessoas, que estavam assistindo aos Officios Divinos. O Coro de cima, que era um Paraiso na Terra, tambem se abateo, e serviu de sepultura com suas ruinas a quasi todas as Religiosas, que foram cincoenta e seis, alem de oito educandas, uma noviça, quatorze recolhidas, quarenta e tres criadas, e nove escravas, que por todas fazem cento e trinta e uma pessoas dentro do Mosteiro, que pereceram nesta tragica fatalidade."
Em 23 de Outubro de 1783, graças à Infanta D. Maria Anna, filha de D.José I, que com aprovação e esmolas doadas por D.Maria I, foi o Convento de novo reaberto, com a entrada de 4 freiras fundadoras, 8 recolhidas e 6 noviças, havendo nesse dia um Solene Pontifical ao qual assistiram várias pessoas da Casa Real.
A vida das religiosas deste convento era muito austera: oração contínua, estando sempre a toda a hora do dia e da noite duas religiosas em oração diante do Sacramento. Só a prioresa e a rodeira podiam falar com pessoas estranhas à clausura do Convento. Tinham como leito, uma cortiça; como travesseiro, um madeiro; o hábito era de um tecido grosseiro de lã; o calçado, sandálias; os jejuns frequentes; e a comida de magro, com excepção das doentes.
O patriarca de Lisboa, D. Guilherme Henriques de Carvalho, numa visita ao Convento, ofereceu licença para as freiras poderem moderar os rigores do seu modo de vida, porém tal não foi aceite pelas freiras.
Em tempos ainda mais antigos, saía deste Convento uma procissão à meia-noite de 16 de Janeiro, em desagravo do Sacramento ultrajado nos sítios de Santa Engrácia.

Extinto o Convento com a morte da última freira em 1901, passou para a posse do Estado. Desde Setembro de 2015 encontra-se a funcionar no local, a Escola Básica do Convento do Desagravo.

Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento, f

Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento, fachada principal, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.

Atlas da carta topográfica de Lisboa, n.º 37, 18

Atlas da carta topográfica de Lisboa, n.º 37, 1858, de Filipe Folque, in A.M.L.

Expropriação de um quintal pertencente às freir

Expropriação de um quintal pertencente às freiras do Convento do Desagravo, in A.M.L.

Expropriação de um quintal pertencente às freir

Expropriação de um quintal pertencente às freiras do Convento do Desagravo, in A.M.L.

O "Galheteiro do Rossio"

Em 1866, dois anos após a sua demolição, ainda o famoso "Galheteiro do Rossio" fazia correr tinta. No n.º 23 de 1866, do jornal "O Panorama", podia ler-se o seguinte:
"O pensamento que deu origem ao celebrado galheteiro do Rocio foi outra victima. O genio que se propoz eternisar pela plastica os feitos do immortal imperador, dormia lá fóra. A tuba pregoeira do concurso accordou-o, e elle, abrindo as azas, voou para nós. Não esperando, porém, encontrar em paiz tão pequeno, tão grande e alto monumento, como é a estatua equestre de D. José I, nella esbarrou, partindo o nariz, porque assim póde dizer-se de quem ousou collocar em a mesma terra, e á curta distancia da rua Augusta, uma parodia da obra prima de Machado de Castro...Depois de levantado o pedestal, a estatua não quiz subir; e disse-se que era porque, faltando-lhe dinheiro para comprar abafos, não estava resolvida a ir expor-se permanentemente á chuva.Mais tarde desmentio-se esta desculpa e attribui-se-lhe outra. A estatua tinha vergonha de desempenhar o papel de argola de galheteiro. D'esta se convenceu o senado, e, achando-lhe razão. mandou arrazar a estulta cassoada. Assim é que morreu o desgraçado galheteiro do Rocio."
Este "monumento" que ornamentou a Praça do Rossio, teve o lançamento da primeira pedra, em 8 de Julho de 1852, e foi demolido em 1864.

Albumina datada de 1862 da autoria de Wenceslau Ci

Rossio, 1862, foto de Wenceslau Cifka. Coll. Lisboa Desaparecida, vol. 7

O primeiro monumento a Dom Pedro IV, 1852-1864, es

O primeiro monumento a Dom Pedro IV, 1852-1864, foto de estúdio Mário Novais, in a.f. C.M.L.

CALVB2705_62.jpg

Praça de D. Pedro IV, foto do álbum de Amédée de Lemaire-Ternante sobre Lisboa, in Centro Português de Fotografia

 

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