A esgrima no exército. em 1890
Tal era o estado em que se encontrava a instrução no exército, nos finais do séc. XIX, que, em Abril de 1890, "A Vedeta: orgão militar independente.", no seu primeiro número, fazia alusão à situação nos seguintes termos:
"A esgrima no exercito
Todo o exercito que não póde tirar de si proprio os elementos necessarios á sua instrucção, disciplina e manutenção, não tem razão de ser.
Não ha muito, vimos com profunda magua introduzir no exercito individuos da classe civil para adestrar os officiaes no manejo das suas proprias armas, isto é, os que deviam ser instructores passarem a ser instruidos!
Não discutimos as pessoas, nem o podiamos fazer; são cavalheiros estimabilissimos e d'uma aptidão excepcional...poderiam até estes mesmos cavalheiros, remunerados pelo governo, adestrar particularmente os officiaes que lhes fossem indigitados, que depois seriam os mestres d'armas dos seus camaradas.
Tudo, tudo menos o tornar publico que os officiaes do exercito não só não sabiam servir-se das armas com que se «decoravam», mas até eram incapazes de o conseguir sem que individuos da classe civil lhes viessem ministrar essa instrucção.
A disciplina militar funda-se na hierarchia, e essa não a teem aquelles cavalheiros, nem a adquirirão pela consignação d'uma graduação qualquer. É preciso acabar de vez com o ingresso de individuos não militares nos serviços do exercito. «O habito não faz o monge».
N'um momento d'obcecação, commetteu-se um erro - «errare huanum est» -; é virtude não perserverar."
Colégio Militar, exercícios de esgrima, s/d, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Duelo de esgrima durante uma visita de Dom Carlos à Escola do Exército, 1904, foto de António Novaes, in a.f. C.M.L.
Rei Dom Carlos assistindo a exercícios de esgrima, 1904, foto de Alberto Carlos Lima, in a.f. C.M.L.