O Camarote Real do Teatro D. Amélia
Uma curiosidade que se prende com o camarote da Casa Real, no antigo Teatro D. Amélia, actual teatro Municipal S. Luiz:
O antigo Teatro D. Amélia, foi construído em terras da Casa de Bragança, onde outrora existiam umas cocheiras, casas de arreios, cavalariças, palheiros, e outras edificações.
Inaugurado em 22 de Maio de 1894, viu o seu nome alterado para Teatro da República, após a revolução de 5 de Outubro de 1910, e posteriormente para Teatro de S. Luiz, em homenagem ao seu empresário, o Visconde de S. Luiz de Braga. Em 1971 torna-se Teatro Municipal com a designação Teatro Municipal São Luiz.
O camarote que a Casa Real detinha no teatro, resultava de um ónus sobre o edifício, e era extremamente sumptuoso, espelhos veludos, tinha uma antecâmara, uma casa de banho própria e uma porta independente.
Com a revolução de 5 de Outubro, e com o embarque da família Real na Ericeira, foram-se as chaves do referido camarote. Constituído o Governo provisório, assim que o primeiro presidente quis lá entrar, não teve outra solução senão mandar arrombar a porta. A quem o objectou dizendo-lhe ser o camarote da Casa Real, respondeu Afonso Costa, que tendo esta sido extinta, o mesmo passaria para a Suprema Magistratura do País, coisa diferente se fosse da Casa de Bragança, entidade particular.
Com a vinda de Sidónio Pais, e a destituição de Bernardino Machado, mais uma vez a chave desaparece, e mais uma vez a solução passa por arrombar a porta.
Novo presidente, novo arrombamento. Só com a resignação de Bernardino Machado, após o 28 de Maio, na pessoa do comandante Cabeçadas, ficou a famosa chave na presidência da República.
Teatro Municipal de São Luiz, antigo teatro Dona Amélia, post. 1910, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Teatro Municipal de São Luiz, antigo teatro Dona Amélia, ant. 1910, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.