Chafariz de Arroios
No início da actual Rua Carlos José Barreiros, antiga Estrada da Charneca, havia um chafariz no qual estavam esculpidas e emolduradas as armas da Cidade de Lisboa, com o seu navio, e as do Reino, com seus castelos e quinas. Apesar da singeleza do seu conjunto, esta fonte era das mais antigas de Lisboa. Inferiormente, estava a inscrição seguinte: «esta obra mandou fazer a cidade à custa do Real d'Ágoa Anno de 1624». Havia outra inscrição por cima da verga da porca da mina, onde se lia: «na era de 1398. teve principio esta fonte no Campo de Lourenço Affonso Costas, thesoureiro do Concelho, sendo escrivão d'elle, Lourenço Duraens e mestre pedreiro do mesmo Concelho João Gialdi». Segundo parece, o primeiro local da fonte deveria ter sido mais acima, em terrenos pertencentes ao dito tesoureiro. Por determinação camarária, de 9 de Março de 1848, passou a fonte para o princípio da rua, a pedido do proprietário do palácio do Conde da Guarda, Desembargador João Lopes Calheiros de Meneses, que contribuiu com a quantia de 48$000 réis. A primeira água veio a correr em 6 de Dezembro de 1848, sendo os sobejos concedidos ao palácio dos Senhores de Pancas, situado no Largo de Arroias, mediante o foro anual de 50 réis. Em 1935, foi tudo demolido, visto o terreno que lhe estava junto, ter sido aplicado à construção de edifícios.
Aproveitando o levantamento topográfico de Filipe Folque que acompanha este artigo, é de referir que, por esta data, os terrenos confinantes com Arroios, faziam parte do Concelho dos Olivaes, sendo a Câmara no Largo do Leão. Acresce a este facto, as quatro portas junto das quais funcionavam Casas de Despacho e só pelas portas respectivas é que se permitia a entrada de géneros na cidade.
As portas existentes na freguesia, que além do posto fiscal, possuíam também barreiras ou postos de despachos, eram as do Arco do Cego, na Estrada do Arco do Cego, a de Arroios, no final da Calçada de Arroios, do Largo do Leão, na Estrada da Charneca, e a da Estrada de Sacavém.
Chafariz de Arroios, s/d, foto sem ref. ao autor, in a.f. C.M.L.
Chafariz de Arroios, s/d, foto de Eduardo Portugal
Atlas da carta topográfica de Lisboa, n.º 6, 1858, de Filipe Folque, in A.M.L., a vermelho, a última localização do chafariz, a azul, a Câmara Municipal dos Olivaes e a amarelo, as quatro Portas, ou Barreiras de Arroios.
Câmara dos Olivaes no Largo do Leão, 1946, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Bibliografia:
"Revista Municipal", n.º 85