O "Atêrro"
"A ideia de aterrar a praia da Boa Vista, «roubando cinqüenta toesas ao rio», vem do tempo de D. João V, como fundamento para realização do vago projecto de um pôrto.
O francês Lebois levantava em 1852 a planta da praia da Boa Vista, e em 1855 começou a ser engolido, gradualmente, o areal; em 1858 entrou a aterrar-se a parte entre o Forte de S. Paulo (Praça de D. Luís) e a praia de Santos, que babujava o fundamento do antigo Paço Real, Palácio dos Marqueses de Abrantes.
Em 1858-1859 abriam-se ruas ou boqueirões transversais, e construi-se a rampa de Santos às Janelas Verdes.
Para se rasgar a Rua 24 de Julho nesta zona expropriou a Câmara à Casa de Abrantes e à de Asseca (cuja frontaria do Palácio ficava na Rua das Janelas Verdes) alguns terrenos, demolindo também barracas na praia existentes.
A muralha de Santos data precisamente de 1860.
O certo é que, a despeito da relativa lentidão da obra, cujo aspecto caótico bem se compreende, em 1865 o Atêrro estava concluído até à Ribeira Nova, e em 1867 até ao Arsenal da Marinha, já com muralha.
É do ano de 1867 que, com o possível rigor, se pode datar o Atêrro. A designação de Rua 24 de Julho, mais tarde convertida em Avenida, é anterior à conclusão do Atêrro."
in "Peregrinações em Lisboa" Livro 13, pág. 86, 87, de Norberto de Araújo
O Aterro frente ao Jardim de Santos, s/d, foto de José Chaves Cruz, in a.f. C.M.L.
Entrada da Rua 24 de Julho, no Aterro da Boavista, junto da igreja de Santos-o-Velho, foto de José Arthur Leitâo Bárcia, in a.f. C.M.L.
Construção do aterro no Porto de Lisboa, cerca de 1860, foto de Legado Seixas, in a.f. C.M.L.
Aterro da Boavista, post. 1867, in a.f. C.M.L.