Chiado
"O Chiado representa uma homenagem ao poeta Ribeiro Chiado, coevo de Camões. Foi por ali, como bom pandego que era, que o vate pitoresco espanejou durante annos a sua musa. D'ahi, a designação que o vulgo deu á arteria lisboeta, que ainda hoje, quando tudo se transforma e abastarda, mais caracter e mais feitio possue."
Assim se escrevia no jornal "A Capital:diario republicano da noite, N.º 2124 (14 Jul.) de 1916", mas será que estes factos correspondem à realidade? Então vejamos:
No livro "Tempo Passado" de Matos Sequeira, este revela um documento da «Colegiada de São Julião de Lisboa», descoberto por Alberto Pimentel, que reconhece um foro feito à «Colegiada» na Rua das Portas de Santa Catarina, esquina com a Calçada Paio de Nabares. Esse foro era referente a umas casas pertencentes a Gaspar Dias - o Chiado. Este Gaspar Dias era taberneiro e deixou por morte, a loja à mulher (tal como a alcunha).O documento, de 3 de Junho de 1567 (19 anos antes da divulgação do termo) expressa: "as casas de Catarina Diaz a Chiada de alcunha".
Um edital de 1 de Setembro de 1859, determina que a designação de "Chiado" seja extensivo à totalidade da Rua das Portas Santa Catarina.
Outro Edital de 14 de Junho de 1880, passa a denominar esta artéria de Rua Garrett.
O topónimo Chiado volta a ser usado para substituir o nome de Largo das Duas Igrejas em Edital de 19 de Maio de 1925.
A esta luz, só a partir de 1925 o termo "Chiado", passa a ser sinónimo do poeta.
Rua Garrett, cerca 1953, foto de António Passaporte, in a.f. C.M.L.
Planta da antiga rua Direita das Portas de Santa Catarina e Chiado, anterior ao terramoto, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Edital de 1 de Setembro de 1859
Edital de 19 de Maio de 1925