Hospital Dona Estefânia
"É obra dos sentimentos caridosos de D. Estephania o magnifico hospital, quasi concluido, que hoje se admira na parte mais elevada da bella quinta da Bemposta.
Em a cogitação permanente do seu bondoso espirito, tinha aquella rainha sentido a necessidade de se criar um hospicio exclusivamente dedicado ao tratamento das criancinhas pobres que a doença atacasse no berço da miséria. Merecia-lhe a humanidade este particular affecto, nesse ponto do vario caminho da vida, onde a angelica esposa de D. Pedro V parava sempre, para selar com um osculo da sua ternura as faces puras da innocencia.
Não chegou D. Estephania a ver cumprido o seu voto; mas a sua alma vôou tranquilla para a mansão dos justos, porque bem sabia que no coração do rei continuava a viver com a mesma iniciativa e energia de piedade...Não socegou D. Pedro V em quanto não vio collocada a primeira pedra, levantadas as abobodas, erguidas as paredes do edificio que havia de recolher debaixo dos seus tectos os filhinhos enfermos do proletario...Tinha pressa, ávida pressa, pressa insaciavel de as concluir, porque sentia fraquejar-lhe o pulso em que suspendia a mão gelada de uma teimosa e sinistra fatalidade que principiava a poisar-lhe no peito arquejante...D. Pedro adivinhava. A meio caminho do desempenho da sua palavra e gratidão, vergou, tambem, para não mais se erguer...As obras pararam então....O hospital de D. Estephania, actualmente muito adiantado, é pela sua grandeza, originalidade, e perfeita harmonia entre as condições da sciencia e da arte, um dos mais notaveis da Europa...Tem a forma de um parallellogramo, medindo 135 pés de comprimento e 75 de largura. ë ao centro do parallellogramo, que são os lateraes do edificio, quese estendem as suas principaes enfermarias, iguaes e symetricas. Medem 130 pés de comprimento, e acommodam todas mais de 128 camas."
in O panorama : jornal litterário e instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, Vol. XVII, 2º da 5ª Série, N.º 1 de 1867
Hospital Dona Estefânia, s/d, foto de Leilão Soares e Mendonça, in a.f. C.M.L.
"Numa visita ao Hospital São José, impressionada com a promiscuidade com que na mesma enfermaria eram tratadas crianças e adultos, a rainha ofereceu o seu dote de casamento para que aí fosse criada uma enfermaria para aquelas, e manifestou o desejo de construir um hospital para crianças pobres e enfermas.
Inicialmente chamou-se Hospital da Bemposta mas em homenagem à rainha, que entretanto falecera, passou a designar-se de Hospital D. Estefânia.
A sua construção foi primorosamente planeada. Relacionado com as mais ilustres casas reais da Europa, D. Pedro V solicitou pareceres sobre projectos e plantas hospitalares, elaboradas por técnicos competentes e autorizados sobre o assunto e remetidas dos mais variados locais, nomeadamente Londres, Berlim e Paris.
Em 1969 passou a ter valência Materno Infantil com a construção de um edifício provisório para onde foi transferida de S. José, a Maternidade Magalhães Coutinho inaugurada em 1931.
Esta maternidade, a funcionar em edifício provisório, viria a ser desactivada em 1996 e reinstalada num edifício do princípio do Sec XX, o pavilhão D. Pedro V, após obras de remodelação em 1998-2001.
O Hospital Dona Estefânia tem vindo ao longo dos anos a ganhar diferenciação em todas as especialidades na sua componente pediátrica fruto de muitos pediatras que nele trabalharam permitindo assumir-se como um dos principiais do hospitais pediátricos nacionais."
in http://www.chlc.min-saude.pt/content.aspx?menuid=393
Planta Topográfica de Lisboa 11 J, 1910, in A.M.L.
Hospital Dona Estefânia, s/d, foto de Augusto Bobone, in a.f. C.M.L.
Hospital de Dona Estefânia, claustro, anos 40 séc. XX, foto de Manuel Tavares, in a.f. C.M.L.
Hospital de Dona Estefânia, s/d, foto de Ferreira da Cunha, in a.f. C.M.L.