O Coléginho
O COLÈGINHO
DE MESQUITA MOURA A PAROQUIAL DO SOCORRO
"Expulsos os mouros do reino, ordenara D. Manuel que as mesquitas, que fossem capazes de serem igrejas, se purificassem.
Na Mouraria, o bairro onde os infiéis se haviam abrigado por decisão de D. Afonso Henriques, erguia-se no alto do labirinto de caminhos escusos, - hoje ainda representados pelos típicos e característicos becos dos três Engenhos e da Guia, pelas ruas do Capelão e do joão do Outeiro, e pelas Escadinhas da Saúde e do Marquês de Ponte de Lima,- um desses templos muçulmanos.
Alguns anos depois Lisboa contava com uma igreja mais - consagrada à Anunciação da Virgem Mãe - e dela aproveitavam "umas boas mulheres que viviam juntas e se chamavam Beatas da Terceira Ordem de S. Francisco".
Por Breve de Leão X de 1519 que substituíra um outro já passado quatro anos antes o templo e a casa anexa foram entregues às religiosas de S. Domingos. Seis freiras do convento de freiras de Aveiro - e entre elas, D. Joana da Silva, filha do Conde de Penela, que foi a primeira prioreza, e D. Brites de Noronha, filha do conde de Abrantes - entraram nesta casa conventual da Mouraria, já então conhecida pela Anunciada, no dia 12 de Novembro desse ano.
Com o decorrer do tempo verificaram as dominicanas a impossibilidade de ampliar as instalações da sua pequena e <<limitada>> casa, pois o sítio era posto em ladeira. Além desta circunstância, o edifício era exposto ao norte e, por conseguinte, excessivamente frio no inverno e pouco saudável.
Estabeleceram, então, as dominicanas um acordo com os frades agostinhos, isto é, a troca dos respectivos edifícios. Estes passaram, após a escritura realizada - 22 de Fevereiro de 1538, confirmada em 7 de Junho seguinte - para este convento da Anunciada, na Mouraria, e as freiras instalaram-se no convento de Santo Antão, que passou a designar-se pelo nome que ainda hoje o local rememora - Anunciada.
Instalada, anos mais tarde, a Companhia de Jesus em Portugal, e devoluto o edifício da Mouraria pela saída dos agostinhos, os padres daquela ordem tomaram posse do convento no dia 5 de Janeiro de 1542. Dez anos passados, Santo Inácio de Loiola dá à casa o título de Colégio. Daqui advém, com o diminuitivo da palavra, o nome por que o edifício ficou a ser conhecido...Reconstruída, segundo o risco do arquitecto Custódio Vieira, após o sismo de 1755 (obras que nunca foram concluídas) a igreja do Coleginho conserva ainda o mesmo número de capelas - a capela-mor e quatro laterais - existentes antes do terremoto.
Tem admiráveis exemplares de azulejos dos séculos XVII e XVIII e, no corpo do comvento, um lindissímo claustro com arcos de volta redonda.
Durante muitos anos o templo - que fora em 16 de Abril de 1813 sagrado pelo bispo de Meliapor - esteve encerrado ao culto. Em 1938 abriu de novo as suas portas, mas ùnicamente aos domingos. No ano que decorre, no dia 16 de Abril, após a realização das indispensáveis obras de beneficiação dirigidas pelo constructor Diamantino Tojal, foi nela instituída, por demolição da Paroquial do Socorro, a sede eclesiástica da freguesia.
in Olisipo : boletim do Grupo "Amigos de Lisboa",A. XIII, n.º 52, Outubro 1950
Igreja do Coléginho, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Atlas da carta topográfica de Lisboa, nº 36, 1858, de Filipe Folque, in A.M.L.
Igreja do Coleginho, Fichas integradas no ficheiro do Inventário da Azulejaria, in http://digitile.gulbenkian.pt/cdm/ref/collection/jmss/id/6611
Claustro do convento do Coleginho, foto dos estúdios Mário Novais, in a.f. C.M.L.
Igreja do Coleginho na rua Marquês de Ponte de Lima, painel de azulejos, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Igreja do Coleginho na rua Marquês de Ponte de Lima, painel de azulejos, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Igreja do Coleginho na rua Marquês de Ponte de Lima, painel de azulejos, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Igreja do Coleginho, foto de Salvador de Almeida Fernandes, in a.f. C.M.L.