O "Galheteiro do Rossio"
Em 1866, dois anos após a sua demolição, ainda o famoso "Galheteiro do Rossio" fazia correr tinta. No n.º 23 de 1866, do jornal "O Panorama", podia ler-se o seguinte:
"O pensamento que deu origem ao celebrado galheteiro do Rocio foi outra victima. O genio que se propoz eternisar pela plastica os feitos do immortal imperador, dormia lá fóra. A tuba pregoeira do concurso accordou-o, e elle, abrindo as azas, voou para nós. Não esperando, porém, encontrar em paiz tão pequeno, tão grande e alto monumento, como é a estatua equestre de D. José I, nella esbarrou, partindo o nariz, porque assim póde dizer-se de quem ousou collocar em a mesma terra, e á curta distancia da rua Augusta, uma parodia da obra prima de Machado de Castro...Depois de levantado o pedestal, a estatua não quiz subir; e disse-se que era porque, faltando-lhe dinheiro para comprar abafos, não estava resolvida a ir expor-se permanentemente á chuva.Mais tarde desmentio-se esta desculpa e attribui-se-lhe outra. A estatua tinha vergonha de desempenhar o papel de argola de galheteiro. D'esta se convenceu o senado, e, achando-lhe razão. mandou arrazar a estulta cassoada. Assim é que morreu o desgraçado galheteiro do Rocio."
Este "monumento" que ornamentou a Praça do Rossio, teve o lançamento da primeira pedra, em 8 de Julho de 1852, e foi demolido em 1864.
Rossio, 1862, foto de Wenceslau Cifka. Coll. Lisboa Desaparecida, vol. 7
O primeiro monumento a Dom Pedro IV, 1852-1864, foto de estúdio Mário Novais, in a.f. C.M.L.
Praça de D. Pedro IV, foto do álbum de Amédée de Lemaire-Ternante sobre Lisboa, in Centro Português de Fotografia