Palacete Braamcamp
História bem distinta deste edifício de Lisboa. Onde hoje se celebram casamentos, onde funcionaram serviços camarários e onde funcionou a Escola Francesa de Lisboa, teve contudo um início de existência bem mais sinistro, senão vejamos o que nos relata a revista "O Ocidente" de 1 de Fevereiro de 1887:
"Foi mandada construir esta casa ha poucos annos por Anselmo José Braamcamp, para sua habitação, de que se gosou pouco tempo depois de concluidas as obras, ao que bem se podera applicar o dito de «ninho feito pêga morta», pois que Braamcamp alli faleceu a 13 de novembro de 1885.
Depois da morte do seu proprietario ficou a casa desoccupada, e assim esteve quasi um anno. Fontes (Pereira de Melo) tendo de se mudar da casa que habitava no Largo do Poço Novo havia quasi dez annos, em consequencia do seu proprietario a precisar para si, resolveu mudar-se no fim do anno passado para a casa de Braamcamp, que arrendou por longo praso e cuja escriptura de arrendamento ainda não tinha assinado.
Havia, portanto, poucos dias ainda que Fontes Pereira de Mello habitava a sua nova casa, quando a morte o surprehendeu ao fim da tarde do dia 22 de Janeiro.
A casa tornou-se desde aquelle momento, duplamente celebre; fôra a sepultura, em pouco mais de um anno, dos dois estadistas eminentes, que nos ultimos annos dirigiram os dois partidos monarchicos que se tem revezado no poder: o partido progressista e o partido regenerador."
in "O Ocidente : revista ilustrada de Portugal e do estrangeiro", N.º 292 ( 1 Fev. 1887 )
Palacete Braamcamp, 1967, foto de Vasco Gouveia de Figueiredo, in a.f. C.M.L.
Planta Topográfica de Lisboa 10 G, 1904, de Alberto de Sá Correia, in A.M.L.
Palacete Braamcamp, 1943, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
in "O Ocidente : revista ilustrada de Portugal e do estrangeiro", N.º 292 ( 1 Fev. 1887 )