Rossio
"É já um lugar comum chamar à Praça do Rossio a sala de visitas de Lisboa. Concedâmos que todo o vasto recinto tem hoje, efectivamente, o caracter peculiar a uma capital. Mas é talvez o pombalino, beliscado aqui e ali por incómoda alteração, é o Arco-Bandeira, serão mesmo os dois <<pastiches>> do Teatro Nacional e da estátua de D. pedro, que ao local dão uma presença, um estilo nítidamente lisboeta, como não é possível encontrar em outra parte. O Rossio, a Praça do Rossio, que o povo, com instinto seguro, nunca chamou a Praça de D. Pedro, desprende da sua perspectiva, do recorte regular dos seus prédios e janelas, sobretudo quando se vem de fora...A Praça do Rossio, nesses momentos, quando no ar tem seu quê de amigo, e nos trata por tu, e nos acolhe com sua graça alfacinha - é o local de privilégio de Lisboa, o lugar bruxo que nos sabe sempre bem atavessar, mesmo sem pretexto aparente, sem necessidade.
Pincelada à noite, em suas mansardas, pelo vermelho, o azul, o verde liminoso dos tubos neon, dir-se-ia que a Praça do Rossio, escovada e moderna, ganha outro caracter."
in Olisipo : boletim do grupo «Amigos de Lisboa», Ano II, n.º 5, Janeiro de 1939
Rossio, foto de Estúdio Mário Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Rossio, anos 20, foto de Manuel Tavares, in a.f. C.M.L.
Arco do Bandeira, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Rossio, foto de Paulo Guedes, in a.f. C.M.L.
Rossio, foto de Alberto Carlos Lima, in a.f. C.M.L.
Rossio, foto de Estúdio Mário Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G.