Elevador de São Julião também conhecido por elevador da Biblioteca ou do Município
"A ponte do elevador, que há poucos anos ainda cruzava a Calçada de S. Francisco, tinha dezasseis metros e foi corrida, desde o jardim do Visconde de Coruche até à coluna do ascensor.
O objectivo do Dr. Aires de Campos, animador da iniciativa e seu financiador, não teve o êxito de ordem material que se esperava. O elevador sempre deu pouco. Em 1915 foi doado à Câmara, que, poucos anos decorrridos, acabou com a exploração. Os portões do Largo de S. Julião e do da Biblioteca (ambos Nº 13) foram encerrados.
O óxido de ferro começou então, qual sarampelo, a atacar a coluna e a ponte do elevador, e, já quando o mal alastrava em demasia, a Câmara resolveu desmontá-las. Era tarde demais. A avançada velhice já lhe tinha feito estragos tão grandes que a emprêsa era-lhes impossível. A Câmara Municipal pôs então o ascensor em praça, em Dezembro de 1926, e a União de Sucatas, L.da, ou, mais popularmente, o Nobre das Sucatas, rematara-o por cinco mil escudos, desmontagem de sua conta e com isenção de licenças camarárias. Na Imprensa, porém, houve quem se insurgisse contra o desaparecimento do elevador, pelo que a arrematação foi invalidada. Passados tempos, contudo, a Câmara tornou a pô-lo em hasta pública, e, como ninguém aparecesse para licitar, o ascensor foi a leilão pela terceira vez, tendo sido novamente arrematado pela União de Sucatas, L.da, mas, então, só por 1.209$00, ficando todavia, pertença da C.M.L. a caldeira e o maquinismo.
Ainda não há muito vimos num dos armazéns do Nobre a lápida de bronze com o brasão da cidade, que esteve afixada à entrada do elevador, desde que o antigo proprietário o doara à Câmara:
ESTE ASCENSOR
FOI DOADO
Á
CIDADE DE LISBOA
POR
J.M.AYRES DE CAMPOS
CONDE DO AMEAL
EM 1915
Um belo dia, porém entrou na União de Sucatas um ferrador de Bucelas - o Artur Felisberto -, que viu no ferro todos os requisitos para o poder transformar em ferraduras. Associou à compra um ferreiro da localidade, Manuel Maurício, hoje já falecido, e o velho ascensor da Biblioteca desceu então - desceu pela última vez -, desceu inglóriamente à categoria de ferraduras das alimárias que calcorreiam os povoados dos vales pingues dos rios Tranção e Arranhó...
in Olisipo : boletim do Grupo «Amigos de Lisboa», A. VI, n.º 24, Out. 1943
Elevador de São Julião também conhecido por elevador da Biblioteca ou do Município, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Elevador de São Julião, planta, in A.M.L.
Elevador de São Julião, planta, in A.M.L.
Planta de localização do elevador da Biblioteca, in A.M.L.
Entrada do Elevador, na Praça do Município
Elevador de São Julião também conhecido por elevador da Biblioteca ou do Município, 1909, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.