Inauguração da Estátua Equestre Del-Rei D. José I
"O troar das salvas de artilharia no castello de San-Jorge, nas fortalezas e nos navios da armada surtos no Tejo, o estralejar de muitas girandolas de foguetes e o repicar dos sinos nas torres das egrejas na alvorada de terça-feira, 6 de junho de 1775, annunciaram um dos mais famosos dias festivos desta bella cidade de Lisboa. Era a celebração do sexagesimo primeiro anniversario do monarcha, e a inauguração da sua estátua equestre levantada no centro da majestosa praça que substituiu o velho Terreiro do Paço, denominada Real Praça do Commercio; era sobretudo a glorificação da arte nacional na obra prima do notavel monumento, modelada pelo insigne esculptor Joaquim Machado de Castro e fundida em bronze pelo tenente coronel Bartholomeu da Costa.
No dia 15 de outubro de 1774, no arsenal real do exercito, foi a grande estátua toda fundida de um jacto, constituindo, portanto, uma só peça. Ali recebeu os toque finaes e ali se conservou, emquanto se completaram os trabalhos na praça do Commercio para a sua collocação e para a sua inauguração.
No sabbado, 20 de maio de 1775, foi posta num grande carro de madeira, expressamente feito para tal fim, sendo completamente occulta por uma vedação em que figurava um lettreiro dourado e em latim, que traduzido em linguagem corrente dizia: «A nuvem não cobre o sol».
No dia 22 foi posta a caminho do seu destino, com grande apparato, sendo puxada por muitos homens dos gremios dos officios mechanicos, e pegando nos cordões o conselho fiscal das obras publicas e a sua corporação,e bem assim os membros da Casa dos Vinte e Quatro. Acompanharam-na forças militares, musicas e outros elementos destinados a imprimirem grandeza ao acto.
Três dias e meio gastou no trajecto, sendo, finalmente, collocada no pedestal no dia de sabbado, 27 do referido mês de maio. Eram 6 horas da tarde quando se concluiu esta operação; mandando o marquez de Pombal gratificar todo o pessoal ali empregado, quer do arsenal, quer das obras publicas, com a importancia correspondente a três dias de jornal, e dando o juiz do povo e Casa dos Vinte e Quatr uma lauta merenda aos trabalhadores que lidaram com os sarilhos."
in "Elementos para a Historia do Municipio de Lisboa", 1.ª Parte , de Eduardo Freire de Oliveira
Estátua equestre de Dom José I, s/d, foto de Domingos Alvão, in a.f. C.M.L.
Descripção analytica da execução da estatua equestre erigida em Lisboa á gloria do Senhor Rei Fidelissimo D. José I - http://purl.pt/960
Estátua equestre de D. José , s/d, foto de Legado Seixas, in a.f. C.M.L.
Descripção analytica da execução da estatua equestre erigida em Lisboa á gloria do Senhor Rei Fidelissimo D. José I - http://purl.pt/960
Estátua equestre de D. José , s/d, foto de José Chaves Cruz, in a.f. C.M.L.
Descripção analytica da execução da estatua equestre erigida em Lisboa á gloria do Senhor Rei Fidelissimo D. José I - http://purl.pt/960
Estátua equestre de D. José I, ant. a 1873, foto da colecção de Legado Seixas, in a.f. C.M.L