"Onde diabo morava então o Sr. Cruges? A criada dissera que o Sr. Cruges vivia agora na rua de S. Francisco, quatro portas adiante do Grémio." Assim podemos ler nos "Maias" de Eça de Queiroz, a localização do famoso Grémio Literário, por tantas vezes por ele citado. A Rua de S. Francisco, viria por edital de 7 de Setembro de 1885, a denominar-se Rua Ivens, e por lá continuaria o Grémio Literário. Criado por carta régia de D. Maria II em 18 de Abril de 1846, teve entre os seus fundadores as duas principais figuras do Romantismo nacional, o historiador Alexandre Herculano e o poeta e dramaturgo Almeida Garrett. Contou ainda com a participação do romancista Rebelo da Silva, o dramaturgo Mendes Leal, e grandes personalidades da vida política do liberalismo, como Rodrigo da Fonseca, Fontes Pereira de Melo, Rodrigues Sampaio, Sá da Bandeira e Anselmo Braancamp. A par da actividade intelectual, que se desenvolvia no Grémio, este ficou também conhecido pelas suas equipas de esgrima, existentes ainda no início do século XX.
Grémio Literário, 191?, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Grémio Literário, interior, 1969, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Grémio Literário, interior, 1969, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Semana de Armas Portuguesa no jardim do Grémio Literário, entra a assistência encontra-se o Rei D. Manuel, Junho 1910, foto de Alexandre Cunha, in a.f. C.M.L.
No ano de 1900, a 16 de Agosto, morre, em Neuilly, o escritor Eça de Queiroz, após prolongada doença. No mês de Setembro, o corpo do escritor seria trasladado para o cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.
Nascido na Póvoa do Varzim (25 de Novembro de 1845), Eça de Queiroz desenvolveu a sua vida literária entre meados dos anos 1860 e 1900. Nesse lapso temporal, Eça marcou a cena literária portuguesa com uma produção de alta qualidade, parte dela deixada inédita à data da sua morte.
Monumento a Eça de Queiroz, obra de Teixeira Lopes, foi inaugurado em 1903, foto de alberto Carlos Lima, in a.f. C.M.L.
A relação de Lisboa com Eça de Queiroz, está bem patente em alguns marcos lisboetas, referidos na sua vasta obra, aqui ficam apenas alguns exemplos.
Casa Havaneza e a Brasileira, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
"Nos fins de Maio de 1871 havia grande alvoroço na Casa Havanesa, ao Chiado, em Lisboa..." in "O Crime do Padre Amaro"
Grande Hotel Central, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
"Nessa tarde, às seis horas, Carlos, ao descer a Rua do Alecrim para o Hotel Central, avistou Craft dentro da loja de bricabraque do tio Abraão..."
in "os Maias"
Grémio Literário, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
"Mas vê lá...Não sejas o costumado Dâmaso! Não te vás pôr a alardear isso pelo Grémio e pela Casa Havanesa!..." in "Os Maias"
O Aterro, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
"Chegara ao fim da Rua do Alecrim quando viu o conde de Steinbroken, que se dirigia ao Aterro, a pé seguido da sua vitória a passo..." in "Os Maias"
Rossio, foto de Manuel Tavares, in a.f. C.M.L.
"Do Rossio, o ruído das carroças, os gritos errantes de pregões, o rolar dos americanos, subiam, numa vibração mais clara, por aquele ar fino de Novembro..." in "Os Maias"
Teatro Nacional de São Carlos, foto de Domingos Alvão, in a.f. C.M.L.
"Nessa noite em S. Carlos, num entreacto dos <<Huguenotes>>, Ega apresentou-o ao senhor conde de Gouvarinho, no corredor das frisas..." in "Os Maias"
Estação de Santa Apolónia, foto de Paulo Guedes, in a.f. C.M.L.
"Depois de Santa Apolónia a estrada começou, infindável, desabrigada, batida pelo ar agreste do rio..." in "Os Maias"