"E explica o nosso excellente Bluteau: <<O que na cidade de Lisboa chamamos o Corpo-Santo não é palacio; é uma ermida, ou o bairro, em que por uns degraus de pedra se sobe a uma pequena egreja, dedicada ao Santo que os homens do mar costumam invocar nas tormentas, e lhe chamam alguns Santelmo ou São Telmo, e outros gritam disendo: Salva, salva, Corpo-Santo!>> E vem outro narrador, o autor do «Sanctuario Marianno», e escreve: <<Deu-se áquella casa o titulo de Corpo-Santo por causa de se venerar n'ella uma Imagem de S. Pedro Gonçalves, a que os maritimos e navegantes chamam Corpo-Santo, e os Castelhanos «San Telmo»; e...concorrem áquella casa, a visital-a e a pagar-lhe os votos que fazem; e com esta occasião se começou a denominar aquelle sitio <<o Corpo-Santo>>." in "A Ribeira de Lisboa", de Júlio de Castilho
Igreja do Corpo Santo, fachada principal, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Largo do Corpo Santo, foto de C. P. Symonds, 1856, in a.f. C.M.L.
Panorâmica da zona envolvente do Largo do Corpo Santo, vendo-se o Hotel de Paris, post. a 1895, in a.f. C.M.L.
Largo do Corpo Santo, fotógrafo n/i, s/d,( provavelmente a data e o autor serão os mesmos da segunda foto ), in a.f. C.M.L.
"Lisboa, 31 de Agosto de 1901. Dia grande. Às 4 horas e 40 minutos da madrugada proceder-se-ia oficialmente à inauguração do novo sistema de tracção, à volta do qual tantas discussões se tinham levantado; e à tarde, por volta das 2 horas, seria lançada a ponte metálica do elvador de Santa Justa. Era muito!... Lisboa, tranquila e pacata não estava habituada a tantas emoções no mesmo dia. Oradores judiciosos e jornalistas tidos como ponderados e sabedores, tinham afirmado que o sistema de tracção eléctrico faria descer sobre a cidade todas as maldições do Céu. As trovoadas seriam <<inevitávelmente>> atraídas pelos cabos aéreos; os pardais morreriam electrocutados mal se aproximassem dos fios; e os próprios transeuntes, de futuro, teriam que ter o maior cuidado, não se aproximando dos carris por onde a electricidade se escoava. O terror apoderara-se dos espíritos menos esclarecidos; e só por irresistível curiosidade algumas pessoas, na manhã desse dia, tomaram o rumo ao Cais do Sodré de onde os eléctricos partiam, com pequenos intervalos, rua 24 de Julho fora, até Algés (Ribamar). A pouco e pouco, porém, foi-se sabendo que os prometidos cataclismos ainda não tinham dado sinal de vida (ou de morte); e pela tarde já os lisboetas, sem receios nem pavores, tomavam de assalto os carros da <<Companhia Carris>> que o <<Imperial>> do dia seguinte classificava de <<verdadeiramente decentes e elegantes>>. Depois, a partir desta data, os novos veículos foram implantando o seu reinado, conquistando definitivamente as preferências do Público." in Revista municipal, N.º 50
Eléctrico na Praça do Comércio, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Eléctrico no cais do Sodré, 1901, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Obras da Companhia Carris de Ferro de Lisboa, colocação de carris para o eléctrico, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Obras da Companhia Carris de Ferro de Lisboa, colocação de carris para o eléctrico e instalação eléctrica, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Almanjarra no Largo João da Câmara, foto do Estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Elécticos no Largo do Corpo Santo, foto do Estúdio de Horácio de Novais, in Biblioteca de Arte da F.C.G.
Eléctrico sob o viaduto de Xabregas 1938, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Eléctrico na calçada da Ajuda, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Eléctricos no Rossio, foto de Domingos Alvão in a.f. C.M.L.
Eléctricos no Rossio, foto do espólio de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.