Em 1934 iniciavam-se as obras de remodelação da Praça do Brasil, topónimo este a que o lisboeta nunca se habituou, teimando em chamar-lhe Largo do Rato. Estas obras visavam alargar as estreitas passagens que o ligavam à Av. Álvares Cabral, e à Rua das Amoreiras.
O quarteirão que vê nestas imagens, era onde se situava a antiga esquadra do Rato, onde se refugiou a polícia perseguida pelos populares, na noite de 28 de Janeiro de 1908, durante a "Intentona do Elevador da Biblioteca", tentativa de golpe com o intuito do derrube da monarquia.
Praça do Brasil, actual largo do Rato, antes das demolições, ant. 1934, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Praça do Brasil, actual largo do Rato, local da antiga esquadra da polícia, ant. 1932, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Foto publicada em "Ilustração" N.º 209, de 1 de Set. de 1934
Projecto de ampliação e regularização da praça do Brasil, actual largo do Rato, 1935, in A.M.L.
Projecto de ampliação e regularização da praça do Brasil, actual largo do Rato, 1935, in A.M.L.
Praça do Brasil, nascente, actual largo do Rato, 1935, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Praça do Brasil, poente, actual largo do Rato, 1935, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Largo do Rato "Este lugar nasceu no cruzamento de vários caminhos que faziam o escoamento do trânsito da cidade. Além da antiga Cotovia, agora Escola Politécnica, ali entroncavam também o Salitre, proveniente das Hortas de Valverde e Rua das Pretas, o caminho de São Bento, que nascia na Boavista, junto ao rio, a estrada de Campolide, hoje rua das Amoreiras e, por fim, duas estreitas azinhagas que levavam uma ao alto de Campo de Ourique, a actual rua do Sol, e outra aos terrenos da quinta dos padres do Oratório. O nome desta zona tem origem na alcunha que popularizou o esquecido patrono do Convento Trino, que domina o largo, e até finais do século XIX o único edifício de características nobres. Em 1621, Manuel Gomes de Elvas, influente cristão-novo de Lisboa, ali fundou um convento para Senhoras da Ordem da Santíssima Trindade, o primeiro desta Ordem em Lisboa. Depois da sua morte continuou a ser apadrinhado pelos seus descendentes, um deles, Luís Gomes de Sá e Meneses, tinha por alcunha “o Rato”, alcunha que se apegou ao convento e estendeu-se ao largo fronteiro. O edifício, que hoje se vê, foi profundamente alterado ao longo dos tempos e, entre 1881-85 – depois da extinção dos conventos –, sucessivamente adaptado para outros fins. A construção do Aqueduto tornou o lugar mais procurado, e a consequente abundância de água permitiu a instalação de algumas indústrias como a “Real Fábrica das Sedas”, a “Real Fábrica de Loiça do Rato”, e a inauguração, em 1744, do chafariz na esquina com a rua da Escola Politécnica. Em 1781 Luís José de Brito, “Contador do Real Erário e tesoureiro das contribuições para a superintendência das obras das Águas Livres”, construiu uma enorme casa-nobre com dois pisos: o inferior com janelas de peito, o segundo de sacadas e, ao centro, um enorme portal de acesso sustenta um janelão com varanda, ao gosto da época. Depois da morte de Brito o palácio foi comprado pelo barão de Quintela. Aqui viveu a sua filha D. Maria Gertrudes e o marido, 4º conde da Cunha. Neste palácio se deram as festas mais badaladas da Lisboa cabralista. Em 1839, a casa é aumentada à custa da fábrica de loiça e os donos mandam construir uma capela, hoje mais conhecida por “capela do Rato”, onde se realizou a célebre vigília contra a guerra colonial nos dias 30 e 31 de Dezembro de 1972. Em 1876, os problemas financeiros dos marqueses de Viana obrigam à alienação do palácio, sendo adquirido pelo visconde de Monforte. Até à sua venda ao Partido Socialista foi propriedade dos marqueses da Praia e Monforte. Só nos finais do século XIX o velho largo, cujo crescimento não tinha merecido qualquer atenção por parte das autoridades, conhece alguma disciplina urbana mantendo o seu carácter de largo de cruzamento de caminhos. Abriu-se a rua Alexandre Herculano, ligando o local à avenida Liberdade, cerca de 1930 cortou-se a avenida Pedro Álvares Cabral, ligando à Estrela, e depois a rua de D. João V. Numa tentativa de homenagear a República dos Estados Unidos do Brasil, a jovem República Portuguesa tentou mudar-lhe o nome para Praça do Brasil, esforço inglório. Não obstante o total desconhecimento do “Rato”, patrono do convento Trino, os lisboetas resistiram à mudança toponímica"
Largo do Rato foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Obras no Largo do Rato, 1935, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Obras no Largo do Rato, 1935, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Levantamento topográfico de Francisco Goullard n 102, em Maio de 1884. Mapa que inclui o largo do Rato.
in A.M.L.
Chafariz do Rato e aguadeiros, foto de José Artur Leitao Bárcia, in a.f. C.M.L.
Chafariz do Rato, foto de Joshua benoliel 1907, in a.f. C.M.L.
in Memoria sobre chafarizes, bicas, fontes, e poços públicos de Lisboa, Belem e muitos logares do termo : offerecida á ex.ma camara municpal de Lisboa de José Sergio Velloso d'Andrade