Mandado construir em 1694 por Manuel Teles da Silva (1641-1709), 2.º Conde de Vilar Maior, e 1.º Marquês de Alegrete, ficou até à sua demolição, conhecido por Palácio do Marquês de Alegrete. O palácio ocupava uma área rectangular de 48m por 24,5m, e tinha duas fachadas idênticas, Sul e Norte, respectivamente sobre o Largo Silva e Albuquerque e sobre a Rua Martim Moniz. Uma terceira frente, onde se situava a entrada principal, voltada a Nascente, sobre a Rua da Mouraria, e a quarta parede a Ocidente, que se encontrava encostada a outro prédio, demolido em 1936. O prédio era constituído por três corpos separado por paredes mestras; cada um dos laterais tinha, no andar térreo, um portão nobre em cada uma das fachadas. Todos os portais eram sobrepujados por frontões, ao centro dos quais ficavam as pedras de armas da Casa Teles da Silva, mas só a do portal da entrada principal durou até à demolição do palácio. O edifício, como muitos outros palácios da capital, depois da sua ruína em 1755, deixou de ser habitado pelos seus proprietários, e o que dele restou após a reconstrução, foi dividido com o fim de ser alugado a estabelecimentos comerciais, industriais, e de habitação, a famílias com poucas posses. Em 1932, necessitando a Câmara Municipal de Lisboa do terreno do palácio para melhorar a circulação pública naquele local, tentou a sua aquisição amigável. Falhadas as negociações, foi o palácio expropriado por utilidade pública, por deliberação do 2.º Tribunal Cível de Lisboa, sentença confirmada pelo Supremo Tribunal de Justiça. A demolição do edifício começou nos primeiros dias de Agosto de 1946, e durou cerca de dois meses.
O brasão heráldico que encimava o portal do lado da Rua da Mouraria foi tirado em 23 de Setembro, e levado para o Museu Municipal, no Palácio Galveias. Alguns azulejos do séc. XVIII, foram armados em painéis e tiveram o mesmo destino. O terreno foi terraplanado, acabando-se este trabalho em 2 de Outubro. No largo assim formado ficaram incorporadas a Rua Martim Moniz, o Largo Silva e Albuquerque, e um pequeno troço da Rua da Mouraria. O público, antes da oficialização do nome, começou a chamar-lhe Largo Martim Moniz.
Palácio do Marquês de Alegrete, ant. Agosto 1946, foto de Estúdio Mário Novais, in a.f. C.M.L.
Palácio do Marquês de Alegrete, fachada da Rua da Mouraria, 1907, foto de Machado & Souza, in a.f. C.M.L.
Planta Topográfica de Lisboa, 11 G, 1910, de Alberto de Sá Correia, in A.M.L.
Palácio do Marquês de Alegrete, fachada do lado do Largo Silva e Albuquerque, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Portal principal do Palácio do Marquês de Alegrete situado na fachada da Rua da Mouraria, e a fachada virada para a Rua Martim Moniz, ant. 1946, foto de Estúdios Mário Novais, in a.f. C.M.L.
Palácio do Marquês de Alegrete, portal brazonado, 1945, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Planta, in "Dispersos" vol. I, de Augusto Vieira da Silva
Palácio do Marquês de Alegrete, portal, no antigo largo Silva e Albuquerque, 1936-1946, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Planta, in "Dispersos" vol. I, de Augusto Vieira da Silva
Local onde existiu o Palácio do Marquês de Alegrete, as pedras que se vêem no chão foram supostamente numeradas de modo a uma posterior reconstituição, faziam parte do Portal Sul e do Portal da Rua da Mouraria,1946, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Local onde existiu o Palácio do Marquês de Alegrete, 1946, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Local onde existiu o Palácio do Marquês de Alegrete, 1946, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Bibliografia consultada: "Dispersos" vol. I, de Augusto Vieira da Silva
A antiga Calçada do Jogo da Péla era uma artéria em escadaria que começava no Largo com o mesmo nome, ao extremo da Rua Nova da Palma e terminava na Rua do Arco da Graça (actualmente esta artéria liga o Martim Moniz com a Rua do Arco da Graça). A denominação de Jogo da Péla, advém do facto de se situar nesta Calçada, quase ao topo uma loja ou barracão onde se jogava no séc. XVI o Jogo da Péla. Ficava este espaço encostado à muralha da Cerca Fernandina, da parte de fora entre duas torres que aí existiam. O Jogo da Péla era um dos exercícios habituais da fidalguia do Paço, não era só jogo de recreio e ginástica, era também jogo em que se arriscava dinheiro, tendo mesmo um juiz especial encarregado de manter a sua boa ordenança. Com as obras de demolição ocorridas na zona do Martim Moniz, ficou esta Torre de pé, começando-se a atribuir-lhe a denominação de "Torre do Jogo da Péla" nome erradamente atribuído, visto nunca ter existido uma Torre do Jogo da Péla, mas sim um recinto azulejado onde se exercitavam os jogadores da Péla.
Praça Martim Moniz e Calçada do Jogo da Pela, 1952, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"Torre do Jogo da Péla", 1948, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Antiga Rua do Martim Moniz, esquina com a Rua da Palma. Ao fundo, uma pequena parte da Calçada do Jogo da Péla, onde se vè a Torre, 195 , foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Calçada do Jogo da Péla, torre da cerca fernandina, 1949, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Praça Martim Moniz, vendo~se a "Torre do Jogo da Pela", 2006, foto de Luis Pavão, in a.f. C.M.L.
"Torre do jogo da Pela", 2015, foto Global Imagens
"A Capela de Nossa Senhora da Saúde foi fundada em 1505 pelos artilheiros da cidade de Lisboa, sendo então dedicada a São Sebastião, santo que em Portugal foi destinatário de grande devoção, uma vez que era protector dos males como a guerra, a fome, e sobretudo, a peste. Em Outubro de 1569, D. Sebastião pediu ao Senado de Lisboa que, face ao elevado número de mortos que grassava na capital, nesse ano, devido às epidemias, se erguesse um templo dedicado ao mártir São Sebastião, ordenando dois meses depois que o mesmo fosse construído na Mouraria, onde existia já a ermida. Na verdade, embora tivesse sido designado o arquitecto Afonso Álvares para executar a planta da nova igreja, esta nunca chegaria a ser erguida, devido à morte prematura do rei. Em 1570, fundava-se a Irmandade da Senhora da Saúde, sediada no Colégio dos Meninos Órfãos, onde ficava guardada a imagem da padroeira. Saindo pela primeira vez nesse mesmo ano, a procissão da Senhora da Saúde ganhou grande tradição, tornando-se uma das mais importantes manifestações religiosas na capital. No ano de 1661, por desentendimentos com a direcção do Colégio dos Meninos Orfãos, os membros da irmandade da Senhora da Saúde decidiram construir um templo próprio. Os artilheiros de Lisboa ofereceram então guarida à irmandade na sua capela da Mouraria; esta aceitou, na condição de o orago passar a ser dedicado à Senhora da Saúde. Assim, as duas irmandades fundiram-se numa só, e em 1662 a imagem da nova padroeira entrou em definitivo na capela. Em 1705 a irmandade contratava o arquitecto João Antunes para refazer o templo, sendo da sua autoria a fachada barroca, nomeadamente o portal de linguagem erudita, com aletas. A planta é composta pela nave única, coberta por abobada estucada e ornamentada com pintura, à qual se justapõem a capela-mor e a sacristia. Do programa decorativo, destaca-se ainda o silhar de azulejo azul e branco que decora a nave, com figurações bíblicas, atribuído à oficina de António de Oliveira Bernardes. O terramoto de 1755 pouco danificou o templo, pelo que depois da catástrofe reconstruiu-se o frontão da fachada, de estrutura simples, integrando uma pedra com as iniciais A.M. coroadas, que significam Ave Maria, e a capela-mor. Esta é coberta por abóbada de aresta e totalmente revestida de talha rococó polícroma, com trono ao centro, que alberga a imagem da padroeira."
"Nos sítios onde a largura das ruas não permite o trânsito nos dois sentidos, ou a distribuição das ruas o consente, como acontece na cidade Baixa, utiliza-se o sentido único...Segundo a nossa opinião,não sendo fácil a destruição maciça dos prédios, só existe o processo dos alargamentos sucessivos da rua, onde se torne necessário, sem se atender às rectificações quase proibitivas...Para a passagem do acesso à Avenida Almirante Reis estão em curso grandes obras de demolição de prédios de várias ruas, junto ao Largo Martim Moniz e Rua da Palma." Revista Municipal nº 55, in Hemeroteca Digital Lisboa
Rua da Palma cruzamento com a Rua Martim Moniz, vendo-se ao fundo as escadinhas da calçada do Jogo da Péla, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Estudo do prolongamento da avenida Almirante Reis no troço do Socorro e Rossio, 1939, pág. 15, in A.M.L.
Estudo do prolongamento da avenida Almirante Reis no troço do Socorro e Rossio, 1939, pág. 12, in A.M.L.
Demolições no Martim Moniz, vendo-se ao fundo as escadinhas da Saúde, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Demolições na Rua dos Álamos, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Demolições na Rua da Palma, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Demolições na Mouraria, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Demolições na Mouraria, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Demolições no Beco do Forno, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Demolições no Beco do Forno, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Demolições no Beco do Forno, foto de Judah Benoliel, in a.f. C.M.L.
Panorâmica da praça Martim Moniz e da rua da Palma aquando das demolições, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.