Corria o ano de 1949, a 30 de Junho encerrava a Praça da Figueira, os últimos lugares da praça eram levantados.
No dia seguinte enquanto se entaipava a praça para a sua demolição, três novos mercados surgiam em Lisboa. Vejamos o que noticiava o "Diário de Lisboa", de 1 de Julho do mesmo ano: "Desaparecida, desde ontem, definitivamente, para a venda ao publico, a Praça da Figueira, três novos mercados surgiram esta manhã, para a substituir: os provisórios da rua Heliodoro Salgado - que irá depois para o definitivo do Forno do Tijolo - e o do Pátio da Mouraria - que passará para o definitivo do Chão do Loureiro; e o de levante do Sítio de Alvalade, a substituir pelo pelo que já está ser construido num terreno contiguo."
Mercado da praça da Figueira, levantamento dos últimos lugares, 30 de Junho de 1949, foto de Alvarez, in a.f. C.M.L.
Mercado da praça da Figueira, levantamento dos últimos lugares, 30 de Junho de 1949, foto de Alvarez, in a.f. C.M.L.
Mercado da praça da Figueira, colocação de tapume à sua volta, 1 de Julho de 1949, foto de J.C.Alvarez, in a.f. C.M.L.
Mercado da Mouraria, inauguração, 1 de Julho de 1949, foto de J.C.Alvarez, in a.f. C.M.L.
Mercado da Mouraria, inauguração, 1 de Julho de 1949, foto de J.C.Alvarez, in a.f. C.M.L.
Mercado de Levante inaugurado no bairro de Alvalade, 1 de Julho de 1949, foto de J.C.Alvarez, in a.f. C.M.L.
Mercado de Levante inaugurado no bairro de Alvalade, 1 de Julho de 1949, foto de J.C.Alvarez, in a.f. C.M.L.
PS - Por não encontrar imagens do mercado provisório da Rua Heliodoro Salgado, fica o artigo um pouco incompleto, pelo que voltarei a ele, caso consiga encontrar alguma imagem do referido mercado.
"É ainda hoje um dos melhoramentos devidos ao grande marquez de Pombal. Havendo ardido o Hospital de Todos os Santos e tendo-se resolvido a sua mudança para o local que hoje occupa, com o nome de Hospital de S. José, foi o local, onde até ahi existira, cedido por uma doação regia á camara municipal de Lisboa. O alvará d'esta doação é de 2 de novembro de 1775, e a area doada compõe-se de quatro frentes, tendo por extensão, de norte a sul, trezentos e oitenta palmos, e de nascente a poente quatrocentos e quarenta. <<A edificação d'este mercado diz o sr. Freire d'Oliveira nos Elementos para a historia do municipio de Lisoa, custou á cidade dez contos duzentos cincoenta e um mil trezentos e quarenta e dois réis>>, isto é, a decima parte do custo do mercado 24 de Julho, concluido em 1881...Este mercado conservou o risco primitivo até 1834, tendo soffrido depois alterações, sendo as mais notaveis as de 1849, porque então foi fechado com portas e grades de ferro nas suas oito entradas."
Mercado da Praça da Figueira, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Nasceu em 1755, no terreno das ruínas do Hospital de Todos os Santos, pondo-se como mercado central e destinado à venda de frutas e legumes. Passou entretanto por vários nomes: Horta do Hospital, Praça das Ervas, Praça Nova e Praça da Figueira. De um local de bancadas diárias passou a praça fixa, com barracas arrumadas e um poço próprio.Ao longo dos tempos, foi sofrendo algumas alterações consoante as necessidades da população. Assim, em 1835, é arborizada e iluminada, em 1849 foi-lhe colocada uma cerca gradeada, coberta e com 8 portas e em 1882 foi aprovado o projecto da nova praça, que consistia num edifício rectangular, com estrutura metálica e ocupando uma área de quase 8 mil metros quadrados.Da venda de fruta e legumes, passou-se à transacção de outros produtos alimentícios necessários à população, fazendo da baixa lisboeta um local com um constante fervilhar de vida.Desde logo, a praça tornou-se um dos emblemas de Lisboa, quer pela sua construção, quer pela sua localização no centro da cidade, quer ainda pela realização de verdadeiros arraiais por altura dos santos populares, transformando-a num verdadeiro teatro.Em 1947, a vereação da altura decidiu o fim da praça, prevendo o alargamento da rede viária de Lisboa, que incluía a demolição do Socorro e zona baixa da Mouraria como forma de escoamento de trânsito, aproximando a cidade de Lisboa aos padrões europeus. Em 1949 festeja-se o último Stº António, procedendo-se de seguida - a 30 de Junho - à demolição do edifício. 1968 é o ano da assinatura do contrato para a construção da estátua equestre de D. João I.