"De ha muito que o populoso e industrial bairro d'Alcantara reclamava um mercado para abastecimento da sua numerosa população...O architecto sr. Alexandre Soares delineou o projecto do novo mercado, cuja construcção, de ferro, foi confiada aos srs. Darjant e Mendes constructores. É de aproximadamente 900 metros quadrados a area occupada pelo edifício do mercado, o qual tem quatro torreões, um em cada angulo, de 9 metros quadrados de superficie, vinte e oito logares, cada um com 6 metros quadrados, quarenta e uma mesas de pedra para peixe, e tres talhões, em que o terrado central está devidido, para a venda de hortaçiças, legumes etc. Tem tres fachadas sendo as principaes para a rua de Alcantara e rua da Fabrica da Polvora. O edifício é todo coberto, mas com a ventilação e luz necessarias. A construcção do novo mercado, contra os costumes da terra, fez-se com desusada actividade, permittindo que elle fosse inaugurado e aberto ao publico no dia 31 de dezembro ultimo." in O Ocidente : revista ilustrada de Portugal e do estrangeiro, N.º 974 ( 20 Jan. 1906 )
Mercado de Alcântara, 1940, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Planta Topográfica de Lisboa 7 E, 1910, de Alberto Correia de Sá, in A.M.L.
Mercado de Alcântara, pós 1905, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Vendedores no Mercado de Alcântara, interior, pós 1905, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Mercado de Alcântara, interior, pós 1905, foto de José Arthur Leitão Bárcia, in a.f. C.M.L.
Mercado de Alcântara, 1940, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Mercado de Alcântara, demolição, 1955, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"Esta ponte tem a infausta celebridade de dar o nome á batalha que junto d'ella pelejaram as tropas de D. António, prior do Crato, contra o exercito invasor de Filippe II de Castella, commandado pelo Duque de Alva...N'aquelle tempo a ponte de Alcantara estava solitaria, porque ficava n'um arrabalde despovoado pertencente á freguezia d'Ajuda. Foi-se elle successivamente cobrindo de habitações, hortas e residencias nobres, até que formou um bairro, e depois do terremoto uma parochia. Em 1743 alargou-se a ponte e lhe foi posta uma imagem de S. João Nepomuceno, de pedra, estatura colossal, obra do esculptor italiano João António de Pádua...A estatua de S. João Nepomuceno, que os moradores do bairro d'Alcantara lhe encommendaram para a ponte...tem no pedestal a seguinte inscripção:
S. JÓANNI NEPOMUCENO NOVO ORBIS THAUMATURGO TERRAE AQUI IGNIS AERIQUE IMPERANTI ATQUE CUM ALIAS TUM PRAESERTIUM IN ITINERE MARITIMO LUCULENTO SOSPITATORI SUO GRATI ANIMI ERGO HANC STATUAM POSUIT CLIENS DEUOTISS, AN: REPARAT: SALUT: M: DCC: XLIII.
JOÃO AN.TO D. PADOA A FES
A tradução á seguinte: A S. João Nepomuceno, novo taumaturgo do mundo, dominador de terra, do fogo, da água e do ar, e sobretudo aplacador dos mares, um seu devoto, reconhecido para com o seu protector, ergueu esta estátua no ano de 1743 depois de salvo."
in Olisipo : boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", A. V, n.º 18, Abril 1942
"...Êste rio (Alcântara), na parte extrema do seu percurso, é o último vestígio de um braço ou esteiro do Tejo, que em tempos pré-históricos aí devia ter existido, mas que, com o decorrer dos séculos, se foi assoriando e alteando, formando um vale com largura variável, que no sítio da Ponte Nova, a cêrca de 2150 metros da muralha do cais de Alcântara, atinge hoje a cota de 15 metros acima do nível médio das águas do Oceano...Convém desde já dizer onde ficava a ponte de Alcântara, desaparecida há cerca de 55 anos...O seu local era na junção das actuais ruas de Alcântara e do Prior do Crato, D. António, na direcção dos carris da viação eléctrica, e perpendicularmente à linha férrea que vai da estação de Alcantara-terra para a de Alcântara-Mar pelo leito da rua de João de Oliveira Miguens. As cancelas da passagem de nível do caminho de ferro marcam aproximadamente o vão do arco central da ponte, e a linha da frontaria do mercado de Alcântara e os topos fronteiros dos muros divisórios do terreno do leito da via férrea marcam a largura da ponte. A guarda norte da ponte, foi demolida por 1886 ou 1887, para a construção da estação de Alcântara da linha férrea de Lisboa a Sintra e Tôrres Vedras, e ramal da Merceâna. Por essa ocasião apeou-se a estátuade S. João Nepomuceno, que em 1889 foi mandada depositar pela Câmara Municipal no Museu Arqueológico do Carmo...A guarda sul, desapareceu em 1888, quando se cobriu o caneiro de Alcântara para assentamento da via férrea que ligava a linha de Alcântara-terra a Campollide com a de Alcântara-mar a Cascais. O arco maior da ponte, único que se conservava, corresponde ao eixo da via férrea, e as cancelas da passagem de nível definem aproximadamente o local dos encontros do arco que ali existe soterrado. Com os elementos de que dispomos, devemos presumir que a ponte era construida de cantaria, e teve de origem três vãos de arcos, sendo o central de volta inteira; que o oriental, por desnecessário, foi entaipado talvez no século XVIII; e que o oriental foi vedado nos meados do século XIX."
in Olisipo : boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", A. V, n.º 18, Abril 1942
Mercado de Alcântara, 1940, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
"As cancelas da passagem de nível do caminho de ferro marcam aproximadamente o vão do arco central da ponte, e a linha da frontaria do mercado de Alcântara e os topos fronteiros dos muros divisórios do terreno do leito da via férrea marcam a largura da ponte."
Mercado de Alcântara, 1940, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.