Moços de Fretes
Contou Júlio César Machado, em "Lisboa de ontem", que no batalhão dos empregados públicos havia uma companhia chamada de Pau e Corda, constituída pelo pessoal da companhia braçal da Alfândega. Dizia-se que muitas vezes um ou outro moço de fretes, envergando o capote e sobraçando as correias de policia, fizera o serviço de sentinela a dois tostões por cabeça. Eram muito numerosos os moços de fretes.
Transportavam mobília a pau e corda, nas mudanças que se faziam de semestre a semestre, encarreiravam casamentos, como correio amoroso, e alombavam com o barril de água até ao último andar do mais alto prédio, gordas receitas que os anúncios das gazetas, a Companhia das Águas e as carroças diminuíram.
Nos fins do século XIX, dava-se o nome de Ilha dos Galegos a uma espécie de resguardo no Largo das Duas Igrejas, onde estava o chafariz do Loreto, no sitio do monumento ao poeta Chiado. Era, afinal, um recinto de galegos. O espectáculo mais curioso consistia no momento da participação do fogo. Mal soava o toque de incêndio, a chusma galgava da Ilha dos Galegos para as casas da bomba.
Moços de fretes, 1907, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Moços de fretes à espera de trabalho, 1908, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Moços de fretes, 1908, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Moços de fretes, s/d, foto de Ferreira da Cunha, in a.f. C.M.L.