Já tinha referido por aqui, a propósito do Padrão do Chão Salgado, que se tinha solicitado à Câmara Municipal de Lisboa, a expropriação imediata de uns prédios que o rodeavam. Dei entretanto conta que a referida Câmara, até já tinha deliberado sobre o assunto. Um mês antes da publicação dessa pretensão no jornal de 13 de Julho de 1916, a 2 de Junho em sessão plenária, a Câmara aprova a expropriação dos referidos prédios, e declara que os mesmos devem ser arrasados, e o local ser calcetado. Pois até hoje, nem a solicitação dos habitantes e comerciantes de Belém, nem a deliberação da Câmara, tiveram resultado, os referidos edifícios continuam no local, mesmo após as demolições na zona por ocasião da Exposição do Mundo Português.
Rua de Belém antes das demolições, 1939, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L. Os edifícios assinalados, são os que a Câmara decidiu arrasar, continuam no mesmo local presentemente.
Expropriação e demolição de duas casas que encobriam o Obelisco de Belém, in A.M.L.
Expropriação e demolição de duas casas que encobriam o Obelisco de Belém, in A.M.L.
Expropriação e demolição de duas casas que encobriam o Obelisco de Belém, in A.M.L.. A parte colorida desta planta representa a localização do Palácio do Duque de Aveiro, José de Mascarenhas, sentenciado como um dos principais influentes no crime de conspiração contra a vida do rei D. José.
"A Memória do Chão Salgado Os habitantes de Belem pedem que se faça pôr em destaque esse monumento A junta de parochia de Belem composta dos srs. Francisco Gomes, presidente, Alfredo Paes, vice-presidente, José Francisco dos Santos, thesoureiro e Miguel Felix dos Santos, secretario, acompanhados de varios commerciantes, industriaes e proprietarios, entregou hoje uma representação ao sr. dr. Levy Marques da Costa, presidente da comissão executiva da camara municipal, na qual se diz, depois de varios considerandos: <<E foi pensando assim que os signatarios d'este documento, habitantes e commerciantes de Belem, resolveram, com a maxima consideração e respeito, dirigir-se a v. ex.ª, solicitando-lhe a expropriação immediata de uns predios que, como v. ex.ª muito bem sabe, foram edificados indevidamente, para occultarem um monumento mandado erigir pelo Marquez de Pombal, em comemoração do attentado contra o rei D. José, e que se encontra em um bêco escuro e immundo, conhecido pelo Chão Salgado. A situação topographica de tão notavel padrão é humilhante para todos os que se presam e v. ex.ª e a ex.ma Camara, de que v. ex.ª é meretissimo presidente e a propria Republica, como percursora dos grandes emprehendimentos em prol da sua Patria, prestando esta justa homenagem a um dos maiores vultos do seculo XVIII, dotarão Belem arteria importante da cidade de Lisboa, com mais um monumento, cuja simplicidade de linhas e valor historico muito interessa aos seus conterraneos.>> O sr. dr. Levy Marques da Costa respondeu que se ia interessar pelo assumpto, tanto mais que já havia tomado essa iniciativa, que foi approvada pela Camara." in A Capital : diario republicano da noite, N.º 2123 (13 Jul.)
Padrão do Chão Salgado, 1966, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
Padrão do Chão Salgado, anos 60, foto Horácio Novais, in a.f. C.M.L.
Padrão do Chão Salgado, anos 50, foto de Fernando Martinez Pozal, in a.f. C.M.L.