Da zona envolvente do Mosteiro dos Jerónimos, que foi demolida para dar lugar à Exposiçao do Mundo Português, em 1940, e sobre a qual já escrevi por aqui umas linhas, deixei de fora contudo outros edifícios, que por se encontrarem, na zona diametralmente oposta, relativamente ao Mosteiro dos Jerónimos, e por não fazerem parte da zona mais afectada, não me mereceram então a atenção devida. Vamos pois ver o caso de um deles. O palacete que em muitas fotografias surge à esquerda do Mosteiro, muito próximo do local onde hoje podemos ver o Museu da Marinha, foi mandado construir por José Maria Eugénio de Almeida, à época provedor da Casa Pia de Lisboa, instituição que tinha passado a ocupar os terrenos anexos ao Mosteiro desde 1833. Este palacete neoclássico, destinado a morada do próprio, foi o primeiro de muitos edifícios a ser demolido, para a dita Exposição, em 1939.
Parada da Marinha Portuguesa junto do Mosteiro dos Jerónimos, fotografia aérea, entre 1930 e 1932, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Palacete do provedor da Casa Pia, c. 1900, foto de Paulo Guedes, in a.f. C.M.L.
Fotografia aérea das zonas de Belém e Ajuda, entre 1930 e 1932, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Fotografia aérea sobre o Mosteiro dos Jerónimos e da Praça do Império, entre 1930 e 1932, fotógrafo n/i, in a.f. C.M.L.
Mosteiro dos Jerónimos, vista de nascente para poente, da fachada sul, vendo-se ao fundo, do lado esquerdo o Palácio Marialva, e mais à direita o Palacete de José Maria Eugénio de Almeida, foto de Kurt Pinto, in a.f. C.M.L.
Esta Quinta com a sua casa de habitação, estava situada entre Belém e Pedrouços, a dois passos do Mosteiro dos Jerónimos. A casa de construção abarracada, ficava situada sobre a praia. No século XIX ainda as muralhas dos seus terraços eram banhadas pelas águas do Tejo. Esta Quinta e suas pertenças eram bens do morgado da casa dos Silvas Césares e Meneses. Na menoridade do 7.º Conde de S. Lourenço, 1.º Marquês de Sabugosa (António Maria) foi esta propriedade vendida ao senhor D. João V por 80.000 cruzados, ficando, portanto, propriedade particular de El-Rei e seus descendentes (1745). Em 30 de Maio de 1796, a Rainha D. Maria I fez dela doação ao Marquês de Marialva (D. Diogo) em remuneração de seus serviços. Desde então ficou na posse da familia Marialva e seus descendentes. Sempre por sucessão, pertenceu às filhas do último Duque de Loulé (D. Pedro), que ainda nela habitavam em 1923. Em Maio de 1929, foi esta propriedade adquirida pelo Estado, para aqui instalar a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, acabando por instalar aqui, em Fevereiro de 1939, o Liceu D. João de Castro. Em 1941 o edificio passou a sede da extinta comissão administrativa das obras da Praça do Império, e em 1945 instalou-se nele a comissão administrativa das obras da Universidade de Coimbra. Viria a ser demolido em 1962.
Actualização em 1 de Fevereiro 2017, pelas 10:51 Horas
Quinta Real da Praia, fotógrafo n/i, arquivo jornal "O Século"
Panorâmica sobre Belém, vê-se o palácio Marialva, o mercado provisório e os gásometros da fábrica de gás de Belém, ant. 1949, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Foto André Salgado, 1945, in a.f. C.M.L.
Palácio Marialva, também conhecido por Palácio Loulé, pertencia à Quinta Real da Praia, é do século XVI, transformado no século XVII. Instalou-se aqui em Fevereiro de 1939, o Liceu D. João de Castro e, em Março deu lugar ao Comissariado da Exposição do Mundo Português. Em 1941 o edificio passou a sede da extinta comissão administrativa das obras da Praça do Império e em 1945 instalou-se nele a comissão administrativa das obras da Universidade de Coimbra - Inventário de Lisboa, fascículo IV, Norberto de Araújo.
Vista tirada da Torre de Belém, s/d, foto do espólio Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Planta Topográfica de Lisboa 3 C, 1909, de Alberto de Sá Correia, in A.M.L.
Terreno fronteiro aos Jerónimos, à esquerda o palácio da quinta da Praia e à direita os gásometros da fábrica de gás de Belém, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.