Num artigo anterior já tinha mencionado os bancos, que outrora ornamentaram o Terreiro do Paço. Foram eles retirados ao mesmo tempo que as árvores, na segunda década do séc. XX, por forte pressão da Real Associação de Arquitectos. Dou agora conta do Ofício datado de 1895, relativo à colocação dos referidos bancos na Praça do Comércio. Segundo o proponente, devia-se aproveitar a reforma da arborização da Praça (em curso nessa data), para a embelezar com a colocação de uma dúzia de bancos de boa cantaria. Mais, visto que a boa qualidade teria um custo elevado (120$000 réis cada), propunha que a aquisição fosse feita em dois anos, colocando-se em cada ano 6 desses bancos. Tudo isto em harmonia com a importância da Praça.
Praça do Comércio, 1907, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Ofício relativo à colocação de bancos na praça do Comércio, 31 12 1895, in A.M.L.
Praça do Comércio, s/d, foto de Ferreira da Cunha, in a.f. C.M.L.
Saloios,1907, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Terreiro do Paço, destacando-se a estátua equestre de Dom José I e o acendedor de candeeiros, s/d, foto de Legado Seixas, in a.f. C.M.L.
Ociosos na Praça do Comércio, 1907, foto de Joshua Benoliel, in a.f. C.M.L.
Sexta-feira, 2 de Maio de 1919 ocorre um incêndio que danifica parte da Ala Oriental do Terreiro do Paço. Em Sessão de 9 de Maio de 1919, o Presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses referindo-se a este incêndio diz, que se perdeu: A histórica sala onde foi servido o banquete oferecido por ocasião da inauguração da estátua equestre; Os Museus das Congregações Religiosas e das Alfândegas; O Arquivo do Tribunal do Comércio e uma Repartição das Obras Públicas onde existiam muitas plantas topográficas. De referir que o incêndio deflagrou nas encomendas postais, e, segundo Damião Peres, verificaram-se várias sabotagens no combate aos incêndios e "Manifestos clandestinos distribuidos incitavam ao incêndio de edifícios públicos e à revolução social."
Incêndio na repartição das Encomendas Postais, foto de Joshua Benoliel, in a.f.C.M.L.
Incêndio na repartição das Encomendas Postais, foto de Joshua Benoliel, in a.f.C.M.L.
"Quem examina com attenção o terreiro do Paço acha n'elle um mundo; mundo que se divide em partes, cada uma das quais é de estudo interessante. Esta moderna praça ... dava, por si só, um livro." Júlio de Castilho in "Ribeira de Lisboa", pág. 486
Panorâmica da Praça do Comércio, foto de Judah Benoliel, anos 40, séc. XX, in a.f. C.M.L.
"Commercio (Praça do) (vulgo Terreiro do Paço) fica entre as ruas da Alfandega,Bella da Rainha, Augusta,Aurea e Arsenal, freguezias da Madalena lado do nascente e escada debaixo da arcada da neve nº 7, S. Julião,1,3 e 5,poente e norte. Esta praça, foi construida pelo risco de Eugénio dos Santos de Carvalho,que pela sua extensão, local e regularidade dos edificios que a circundam, pôde considerar-se uma das mais admiraveis da europa, já pela sua posição sobre a margem do Tejo, como tambem pela estátua que embelleza a praça, que foi fundida d'um só jacto pelo tenente general Bartholomeu da Costa, o desenho e execução é de Joaquim Machado de Castro. O arco que adorna a praça foi concluido em 29 de abril de 1873. O grupo que o domina, representa a Glória coroando o Génio e o Valor. As quatro figuras que ficam por baixo do grupo representam o marquês de Pombal, Nuno Alvares Pereira, Vasco da Gama e Viriato: as figuras lateraes são o Tejo e o Douro. O plano e execução do grupo é de Calmels e as outras figuras de Victor Bastos. Tem esta praça de comprimento 176,88m e de largura 192,50m" in "Roteiro das ruas de Lisboa e Concelho de Loures", pág.s 68 e 69, de 1890
Levantamento topográfico de Francisco e César Goullard, planta n.º 51, de 1879, in A.M.L.
Vista aérea da Praça do Comércio, foto de Pinheiro Correia, 1934, in a.f. C.M.L.
Fotografia aérea da praça do Comércio com parada militar, foto de António Passaporte, post. 1940, in a.f. C.M.L.
Em tempos porta de entrada em Lisboa, foi palco de manifestações, regicídio, revoluções,desfiles, aclamações, e, a tudo sobreviveu.
Praça do Comércio, foto de Eduardo Portugal, ant. 1926, in a.f. C.M.L.