"Esta tôrre de pé e carcomida que estamos contemplando é a de S. Lourenço. Destacava-se em declive, de 35 graus, numa recta de 60 metros, do vértice noroeste do Castelo. É como vês, de secção quadrangular, com nove metros por lado, na base, e oferece ainda uma respeitável altura. Teve uma escada interior que levava ao eirado, e ligava-se ao Castelo por uma quadrela de que não restam vestígios à vista. Observa agora na face da Torre, do lado da rua, o comêço de um arco e a coceira inferior de um batente. É aquele pedaço de pedra saliente, que escapa à vista desprevenida. Existiu aqui, a «Porta de S. Lourenço» da cerca de D. Fernando, e que daqui descia até à Mouraria. Desapareceu em 1700 para se desafrontar de trânsito a Costa do Castelo, e talvez porque ameaçando ruína não valia a pena reedificá-la." in "Peregrinações em Lisboa", Livro 3, pág. 15 e 16, de Norberto de Araújo
Pormenor de uma foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Costa do Castelo e a Torre de São Lourenço, s/d, foto de Eduardo Portugal, in a.f. C.M.L.
Castelo de São Jorge, escadaria que liga o adarve do castelejo até à Torre de São Lourenço, na Costa do Castelo, anos 60, foto de Artur Pastor, in a.f. C.M.L.
Panorâmica sobre o castelo de S. Jorge, vendo-se a escadaria que conduz à Torre de S. Lourenço, 1959, foto de Armando Serôdio, in a.f. C.M.L.
"Anda nos olhos de todos nós, porque ela se integra sem esforço no complexo paisagístico de Lisboa, a silhueta bem característica, e de certo modo airosa, da velha Torre do Bugio. Emparceirada com S. Julião da Barra coube-lhe, durante pouco mais de um século, a missão de montar a guarda vigilante do passo da barra. Depois, e cumulativamente com aquele encargo, recebeu o de servir de guia a mareantes, o único gue ainda hoje se mantém. Primitivamente conhecida por Torre da Cabeça Seca, outras designações lhe são atribuídas em numerosos documentos a ela referentes. Assim, chamaram-lhe também Torre de S. Lourenço, de S. Lourenço da Barra e, ainda, de S. Lourenço da Cabeça Seca. Mas a partir de uma determinada altura passou a ser correntemente designada por Torre do Bugio." in "Olisipo", N.º81, Jan 1958
Torre do Bugio, vista aérea,1930-1932, foto de Manuel Barros Marques, in a.f. C.M.L.
"1571 - Francisco de Holanda recomenda em "Da Fábrica que Falece a Cidade de Lisboa" a edificação de um ponto fortificado no meio da barra do Tejo, se possível, na cabeça seca; 1578 - D. Sebastião encarrega D. Manuel de Almada de ali erguer uma fortificação; optou-se por uma construção de madeira, mais tarde desfeita pelo mar; 1586 - D. Filipe II encarrega Frei João Vicenzo de estudar e melhorar o sistema defensivo da defesa da barra; 1590 - propõe que seja de planta redonda; de Madrid, André de Prade recomenda a forma estrelada, mas não foi aceite; ainda neste ano, dá-se ordem para se proceder ao desenho "das barcas e machinas" necessárias para o transporte de pedras e penedos para as fundações; 1593 - Casale escreve ao Rei informando que os "fundamentos debaixo de água" estavam concluídos; 1594 - após a morte de Casale, sucede-lhe Leonardo Turriano, arquitecto geral do Reino, introduzindo algumas alterações; 1595, 12 Junho - é mestre das obras de construção do forte Gaspar Rodrigues, com o ordenado de dez cruzados mensais; 1596 - João Vaz, Juiz ordinário e dos orfãos do reguengo de A-Par-de-Oeiras, dá conhecimento que, foi iniciada esta obra; a cantaria era preparada próxima da Fortaleza de S. Julião da Barra, que tomou o nome de «Feitoria das Obras da Cabeça Seca e também Feitoria d' El-Rei» e em seguida levada por 30 mestres de barcas para o local da construção; 1607 - foram feitas sondagens na Barra, « por cinco engenheiros que foram presentese por outras pessoas práticas e pilotos» que atestaram que esta estava boa e capaz de poderem entrar por ela as naus vindas da Índia; 1608 - os pilotos da Barra da Cascais, declararam sob «juramento dos Santos Evangelhos», que sondaram e mediram a Barra, e que ela se encontrava em boas condições para a entrada de naus vindas da Índia; 1640 - ainda não concluído, já albergava armamento e guarnição; o seu governador espanhol, João Carrilho Rótulo rendeu-se aos portugueses; 1643 - decreto real determina a conclusão dos trabalhos e aponta para que seja um engenheiro português a prosseguir os trabalhos; recomeça a obra superintendida pelo conde de Cantanhede e tendo como encarregado frei João Turriano assistido por Mateus do Couto, em substituição de António Simões; 1675 - decreto refere que a fortaleza passaria a ter comando separado da subordinação de São Julião; 1758 - determinada a construção de 6 faróis na costa, entre os quais São Lourenço, passando assim a dar apoio à navegação; 1807 - ocupada pelos franceses, aquando do ataque do Almirante Roussin; durante este período, surgiram projectos de alterações que não chegaram a ser executados; 1836 - obras de total remodelação do farol - máquina de movimento contínuo e regular de rotação; 1880 - considerada praça de guerra de 2ª classe, estava ainda artilhada com 18 peças de bronze e 2 obuses; 1896 - instalação de novo mecanismo de farol; 1902 / 1903 - Augusto Vieira da Silva, capitão de engenharia introduziu alterações ao nível da cisterna e iniciou a construção de estruturas para acesso de carga que não chegaram a ser concluídas; 1911 - ainda era guarnecida com alguns artilheiros; 1930 / 1940 - dragagem de areias na zona do areal; 1945 - perde todo o seu valor como posição fortificada, tendo sido entregue pelo Ministério da Guerra à Direcção dos Serviços de Faróis do Ministério da Marinha."
Forte do Bugio, obras de manutenção, 1930 1932, foto de Alberto Carlos Lima, in a.f.C.M.L.
"Alçado e corte do Forte de S. Lourenço da Cabeça Seca", Lisboa, Portugal. Desenho aguarelado, Mateus do Couto, 1693. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa, Portugal. Códice Casa de Cadaval, Livro das Plantas nº 28. in http://fortalezas.org/?ct=fortaleza&id_fortaleza=683